Do avesso

Do avesso

Uma aldeia, (que de roupa ela me vista), o fogo
Leva-me da raiz da minha vista “ao monte” travesso,
Sopra-me a inquietação dessa ideia de xisto negro
E poejo, onde o pensar é cego, o beijo longo, longo

E o meu olhar, um legado alado, logro é engano
Como tudo o que e em que me revisto, sangro
Da roupa que'en minh'aldeia é ser gente, o dote
È o sossego de sonhar acordando e vendo o ontem,

Com olhos “à maneira que os ponho” alavancados,
Elevam-me da raiz à minha origem de congro,
À minha infância de recato e regato, o ombro tolerante
Nas fontes, em frente do mato bravo o verde manso,

Da ponte fluvial à velha guarita, do alto monte, do corgo
Ao calvo escombro ardido, mais que poema ou esforço
È o meu grito rouco, a dor de ter perdido meu rosto,
A aldeia, o burel de que me vestia completo desd’o berço,

Parido descaço, colado à via que havia, escura sinistra,
Menor o grau da escada que a cansada estrada, desafio-a
Já que César nunca serei, eu fui das minhas sensações
O próprio veneno, campos rústicos de trigo, o umbigo

Do que havia plantado há apenas alguns dias, humilde
O milho sem proprietário dono, erva daninha è trigo
Triste e a minha aldeia não existe senão na ideia que dela
Um dia tive, ao virar meu coração de cima abaixo

E do avesso … cantando encantado.

Joel Matos ( Setembro 2022)

http://joel-matos.blogspot.com

https://namastibet.wordpress.com

http://namastibetpoems.blogspot.com

Submited by

Sunday, November 20, 2022 - 20:50

Ministério da Poesia :

Your rating: None Average: 5 (1 vote)

Joel

Joel's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 9 weeks 6 days ago
Joined: 12/20/2009
Posts:
Points: 42009

Add comment

Login to post comments

other contents of Joel

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Ministério da Poesia/Aphorism andorinhão 0 4.266 11/19/2010 - 19:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism sentir mais 0 2.724 11/19/2010 - 19:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism palabras 0 5.362 11/19/2010 - 19:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism A matilha 0 4.635 11/19/2010 - 19:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism ao fim e ao cabo 0 1.971 11/19/2010 - 19:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism o bosque encoberto 0 3.193 11/19/2010 - 19:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism nem teu rubor quero 0 3.638 11/19/2010 - 19:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism em nome d'Ele 0 4.517 11/19/2010 - 19:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism Troia 0 5.130 11/19/2010 - 19:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism desabafo 0 3.900 11/19/2010 - 19:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism Inquilino 0 3.510 11/19/2010 - 19:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism Pietra 0 4.457 11/19/2010 - 19:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism não cesso 0 3.959 11/19/2010 - 19:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Dedicated professas 0 3.463 11/19/2010 - 19:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism amor sen'destino 0 3.905 11/19/2010 - 19:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism Balada para um turco 0 3.146 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Dedicated Francisca 0 4.420 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism tudo e nada 0 3.546 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Dedicated Priscilla 0 3.114 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism Asa calada 0 5.116 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism flores d'cardeais 0 3.584 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Dedicated Magdalena 0 4.359 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism peito Abeto 0 3.598 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism rapaz da tesoura 0 2.695 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism Koras 0 5.274 11/19/2010 - 19:16 Portuguese