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O PÁSSARO TRANSPARENTE de Osman Lins (Ensaio)

 

Pode até parecer coincidência, mas entrar em contato com a obra de Osman Lins quase um ano depois de ler pela primeira vez o nome do grande autor pernambucano em uma crítica feita pelo jornalista Oswaldo Coimbra “O desafio de falar da aldeia e ser universal” a respeito do meu primeiro romance “Correndo atrás” Ed. Multifoco, Rio de Janeiro, 2009 no site GarulhosWeb, é sem dúvida, além de emocionante, uma ótima oportunidade de ler, pela primeira vez, algo de Osman Lins, e assim, nessa ocasião oportuna, me atrever a ensaiar algumas considerações decorrente da leitura do conto “O pássaro transparente”.
Escrita executada com perfeição, o texto “O pássaro transparente” de Osman Lins, nos prende por sua singular harmonia e construção. Um texto para ser degustado lentamente como se não quiséssemos que ele chegasse ao fim. Frases curtas, pontuações exatas, alternância entre o externo e o interno, passado e presente e as mudanças de focos narrativos nos permitem ler o conto tanto pela visão indireta do narrador como pela visão direta da personagem. Como se fosse um jogo de imagens sobrepostas num mapa sem deformação mostrando sempre a mesma face. A face do menino e do homem que obstaculizando sua altivez desenfreada, uma resignação intransponível. Daí o fascínio por esse menino, que observa o gato sobre muro, com uma “colérica e abafada” vontade de ultrapassá-lo, mas sem a firmeza para o tal; por esse homem que observa a vida numa mescla de resignação e altivez sem firmeza. Vencedor segundo os moldes de sua sociedade, fracassado pessoalmente. Um homem que aceita a vida que lhe é imposta pelo pai autoritário, não sem tentar fazer frente ao mesmo em seus ímpetos juvenis, mas que de algum modo acaba por tornar-se à imagem e semelhança de seu progenitor. Embora detestando tudo isso, o homem, depois se percebe envolvido e conformado, até mesmo gostando da vida que ele detestava.
Ontem, sua amiga de adolescência e ele junto ao cais, dois paradoxos sob as luzes febris dos postes filtradas pelos ramos do fícus, aguardando o tempo em que ambos vão atravessar a barreira de seus sonhos…
Hoje é o navio que aguarda enquanto a nitidez dos rumos dado às suas vidas se torna mais e mais evidente. Ela havia conseguido apossar-se de sua juventude, a amestrou e agora conquistaria o mundo de seus sonhos; todavia, ele, o homem, não sabia em que armário do tempo, em que espessa noite de interrogações ele perdeu a dele.
Não há razão para lutar mais, pois ele já não é ele, e sim o pai, que agora trás dentro dele. Um pássaro transparente, sem cores, sem vida própria trazendo dentro de si um coração que não é o dele, que o apagou deixando apenas os traços do que ele foi e os olhos assustadoramente humanos. Um ser humano forjado, criado para ser alguém, um ser fictício, inexistente na realidade.
- Isso mesmo. Era assustador.
- Existe, aquele pássaro?
- Não.  

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quarta-feira, janeiro 26, 2011 - 16:39

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Walter Rodrigues

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