Aquela Mulher

Dueto: Walter Cintra e Catherina Sanders

Aquela mulher acordou e foi trabalhar, deu esmolas para os mendigos no semáforo, lanchou no bar da esquina, ganhou dinheiro, correu sua voz nos fios telefônicos da cidade, cumprimentou os amigos de profissão.
Dez e meia pagou as contas de água e luz, meio dia almoçou, e de volta ao trabalho, trabalhou até não poder mais, a tarde inteira.
Seis horas, foi a lavanderia, queimou uma carteira de cigarro no dia, até as seis descansou, beijou o filho, beijou o marido, despediu-se do amante, lavou o seu corpo pela ultima vez antes de ir dormir, trocou de roupa, vestiu a camisola.
Uma e meia da madrugada, um ladrão, uma bala, morreu a heroína do dia, uma mulher sangrou nos cabelos negros e traiçoeiros da noite.
Agora acorda chorando o dia, nos olhos de quem te amava e conhecia bem no fundo da alma.

Tic-tac, minuto a minuto
Num dia cheio de detalhes
Da vida da minha amada.

Gostaria de ter partilhado
Com ela todos os encantos
Das horas solares, na
Busca da fuga da penumbra.

Nunca iria retornar o dia
Do desejo repleto de dor,
Devido o passado não
Ser jamais futuro.

Perdida a alma numa jornada
Estúpida citadina, que
Seria anunciada como
Algo usual nos dias suculentos.