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Pesadelo da mudez...
Ás vezes gastam-se as palavras,
quando as silabas são meias rotas q andaram no chão,
com unhas macabras de feias...
Crescem-me ligaduras na boca,
agarradas à língua,
cheias de fios de gaze...
E eu puxo-as,
antes q me engasgue...
Vêem-me as letras à boca em vómitos...
Óbitos silábicos regurgitados e engolidos...
E as palavras amarradas,
são entorses,
incham dentro da minha boca
e colam-se ao palato...
Raspo-as com a língua,
tento arranca-las com o dedo,
mas as palavras têm medo e agarram-se aos dentes...
Quem diria q as palavras sofrem de agorafobia?
Inês Dunas
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Poesia :
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Comentários
Re: Pesadelo da mudez...
Se de todos os teus vómitos, nascerem poemas fantásticos, não me importo de vomites! loool
Brincadeirinha...
Pois, as palavras são vida, por isso também podem sofrer de agorafobia, e como são tantos os que lêm os teus poemas, é normal que se sintam mal perante tanta gente! :-)
Beijo enorme...
Re: Pesadelo da mudez...
Inesita,
Absolutamente divino, querida.
Beijinho
Nanda
Re: Pesadelo da mudez...
Oi Inês,
Aprecio-te a retórica e a versatilidade em se colocar junto ao todo em reflexo.
Encontramo-nos como a amiga em profundo descortinar de razões, encontros e desencontros conosco.
Parabenizo-a pelo olhar psicanálito do ser.
Abraços e sucesso
Re: Pesadelo da mudez...
Há mesmo situações na vida em que nos faltam as palavras, outras mesmo que saibamos o que dizer não conseguimos pelas mais variadas razões e vamos acumulando, até ao dia em que saltam todas cá para fora tipo tsunami.
É sempre um prazer imenso ler-te
Beijo
NUno
Re: Pesadelo da mudez...
O pânico das palavras entrelaçando a causa-efeito da explosão retida ao silêncio, sofrendo estas também de agorofobia! E no entanto, parece que querem vomitar a própria alma.
Bom demais acompanhar-te!
Beijinho
Carla
Re: Pesadelo da mudez...
Inês,
como gosto de te ler!
As palavras são muita vez a única coisa
que nos sobra para que saibamos falar do
que nos vai na alma, e quantas... quantas vezes,
desnudando-nos, elas transformam o dilema em sofrimento
e desesperança em alento.
É nesse antagonismo que nos rói a alma, que as vamos respirando como se nada mais fosse importante.
Adorei. Um beijo e permite que cite: