A SAUDADE DÓI




A saudade dói

 

 

A saudade que dói mais fundo é irremediavelmente,

A própria saudade que temos da gente,

De princípio longínquo que já tivemos,

Do que já fomos e perdemos e agora já não temos.

 

 

O passado não reconhece o seu lugar está sempre presente,

Nas nossas recordações tardias nunca está ausente,

Todos os dias se manifesta e nós não nos apercebemos,

Pois ele está em todas as pequenas coisas que vivemos.

 

 

Quando nos lembramos dele mais frequentemente,

É quando queremos fazer e não podemos, é deprimente,

Lembramo-nos até onde podíamos ir e agora já não vamos,

E temos a consciência que o nosso futuro encurtamos.

 

 

As saudades começam a nascer e doem suavemente,

À medida que a nossa vida vai andando para a frente,

Para cortar a meta que o tempo nos traçou,

E quando esta certeza nos acontece, tudo acabou.

 

 

Das nossas próprias saudades só nós é que sabemos do porquê,

É como a dor que nos ataca, só nós sentimos e ninguém vê,

É silenciosa e vai corroendo lentamente o nosso coração,

E às vezes até choramos porque não lhe podemos dizer não.

 

 

A idade da razão eu não sei quantos anos ela tem,

E também não sei quando ela nasce e donde vem,

Só sei que o passado tem razão mas já o perdi,

Tenho saudades do que devia ter feito e não consegui.

 

 

É por esta razão que a vida pode deixar saudade,

O que deixamos para trás já não vem, chegou a idade,

Talvez seja a única razão que a razão conhece,

Quando só nos resta a saudade e o tempo ido já não acontece.

 

 

 

 

Tavira, 23 de Março de 2011 - Estêvão

Submited by

Saturday, June 15, 2013 - 09:49

Poesia :

No votes yet

José Custódio Estêvão

José Custódio Estêvão's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 1 year 45 weeks ago
Joined: 03/14/2012
Posts:
Points: 7749

Add comment

Login to post comments

other contents of José Custódio Estêvão

Topic Title Repliessort icon Views Last Post Language
Poesia/Intervention ESQUECIDOS 0 2.148 05/02/2012 - 10:20 Portuguese
Poesia/General CAI NEVE 0 1.993 07/03/2012 - 15:10 Portuguese
Poesia/Love O MEU MENINO 0 1.095 06/28/2012 - 09:37 Portuguese
Poesia/Meditation HOMENS 0 1.214 02/08/2013 - 11:19 Portuguese
Poesia/Love MARIA DA FONTE 0 1.301 02/08/2013 - 11:14 Portuguese
Poesia/Thoughts ATROPELOS 0 1.043 06/27/2012 - 09:56 Portuguese
Poesia/Thoughts PESCADOR 0 1.508 06/27/2012 - 09:53 Portuguese
Poesia/Dedicated VOU MAS VOLTO 0 1.116 06/27/2012 - 09:47 Portuguese
Poesia/Dedicated O DIA DOS MEUS ANOS 0 559 04/04/2013 - 09:50 Portuguese
Poesia/Meditation GANHAR UM AMIGO 0 1.120 05/12/2013 - 11:19 Portuguese
Poesia/Meditation CEDO APRENDI 0 5.154 06/26/2012 - 10:27 Portuguese
Poesia/Meditation MUDAM-SE OS TEMPOS 0 692 06/26/2012 - 10:16 Portuguese
Poesia/Thoughts VELAS AO VENTO 0 1.219 06/26/2012 - 10:09 Portuguese
Poesia/Meditation PAISAGEM SENTIDA 0 969 02/19/2014 - 12:16 Portuguese
Poesia/Meditation QUEM ME DERA! 0 589 04/10/2013 - 09:57 Portuguese
Poesia/Meditation O MANTO INFINITO 0 521 04/22/2013 - 10:44 Portuguese
Poesia/Meditation O TEU CAMINHO 0 1.455 05/06/2013 - 09:49 Portuguese
Poesia/Joy QUERO SONHAR 0 675 04/22/2013 - 10:48 Portuguese
Poesia/Meditation UMA NOITE SÓ 0 644 04/01/2013 - 09:37 Portuguese
Poesia/Love AUSÊNCIA 0 2.581 04/01/2013 - 09:42 Portuguese
Poesia/Love PRECISO DO TEU SORRISO 0 494 05/29/2013 - 09:33 Portuguese
Poesia/Meditation O TEMPO NÃO SE QUEIMA, VIVE-SE 0 764 04/05/2013 - 09:59 Portuguese
Poesia/Meditation OS MEUS OLHOS NÃO ME CONHECEM 0 541 02/08/2013 - 11:10 Portuguese
Poesia/Meditation NEM TUDO O QUE É DOCE É BOM 0 863 04/05/2013 - 10:04 Portuguese
Poesia/Dedicated QUEM RIU DE MIM 0 802 02/24/2016 - 11:23 Portuguese