Autobiografia poética

O destino...ele...bate a porta,
eu jogada quase morta,
quase não o atendi,
perdida estava eu quando na porta ouvi:

- Atenção, fique desperta!!!
"precisa-se de poeta!"

Poeta eu?
Poema, meu?
Será que seria eu uma poetisa?
Pensei que só aposentada profetisa,
mas não, não e não...
Gritou uma luz lilás em meu coração.
És tu sim!
Existe uma poesia em "mim"?

Existe, insiste, não desiste,
solta a tua voz>
Olha que lindo este lúdico rio em foz.
Chamada poesia em mim,
vestida de noite,
pintada de carmim,
que louca grita,
desesperada, irada ecoa,
palavras escritas, da alma que vôa,
a cada verso de Fernando Pessoa,
a cada soneto
do triste do solitário gueto
de Florbela Espanca,
espelhado, cuspido e escarrado
em uma uma folha branca.
Derrama, chama-me,
Chora, me côa-me,
tirando de mim a tristeza
que quase já brota à toa,
talvez não seja engano ledo,
ler Alvarez de Azevedo,
tira-me da rima o medo,
entranha-me esta métrica estranha.
Queria eu ser Peçanha,
dominar esta louca sanha,
correndo, vivendo, rimando, querendo
galopando, sacudindo minha crina,
fazendo da vida um mundo de rima,
bebendo da fonte,
da planice ou do alto do monte,
do campo, ou da cidade...
lembro-me de Osvald de Andrade,
poeta da modernidade,
quase enlouquece-me,
com sua beleza que não fenece.
Bebo tudo, do mundo torno-me surdo,
embreago,
tomo tudo de um mesmo trago.
Acendo um maço e trago um traço,
de Vinícius de Moraes,
o poeta que morreu em paz,
que cantou as belezas de portos
de mares, de mortos e de cais,
de mulheres da vida,
de Deus e de reles mortais,
de amores, de guerra e de paz.
E assim, com um pouco disto tudo,
montou-se este conteúdo,
com mais uma pitada de vida,
triste, solítária e sofrida,
nasceu a poesia em mim,
que espero que seja eterna,
bruta, alucinada, sensata e terna,
minha poesia interna,
de cores de lua e carmim,
espero que nunca tenha fim.
Poesia transformadora de "mim".

Foi assim que depois de algumas ( muitas ) primaveras, nasceu a poesia em mim, espero que nunca tenha fim, espero que seja boa, rezo sempre peço a Fernando Pessoa, a Boudelair, A Peçanha, pedindo a inspiração a todos que se arvoram nessa façanha, fazer da poesia uma terapia e levar a vida numa boa, viver de vento e de ar, ter tudo em meu Poetar.

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Thursday, October 8, 2009 - 15:45

Poesia :

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analyra

analyra's picture
Offline
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Comments

Clarisse's picture

Re: Autobiografia poética

analyra:

Estou ofegante, depois desta viagem alucinante!! :-)

Espectacular!! Vai para os favoritos! :-)

Que Deus lhe continue a iluminar!

Conchinha's picture

Re: Autobiografia poética

Muito,
Muito bom

Curvo-me, sem palavras.

bjs

anadeornelas's picture

Re: Autobiografia poética

Analyra,

Me desculpe...só consigo aplaudir....não tenho palavras para lhe dar...

1 beijo doce poetisa...

FlaviaAssaife's picture

Re: Autobiografia poética

Analyra,

Nossa! Nem sei o que comentar diante deste texto, estou emocionada, arrepiada, estática!

Que Deus te ilumine e conserve sempre com tanta inspiração a deleitar a leitura da gente! Mais um para favoritos!

BJ

LilaMarques's picture

Re: Autobiografia poética

Ana Lyra,

Graças à tua escuta aguçada,
de poetisa almada
chegastes a nossa vida
com tanta beleza saída,
em versos belos e rimas
em tantas metáforas lindas,
Chegastes para ficar.

Este teu ser tão intenso
que brilha nos textos vibrantes
Velozes, ferozes, galopantes
Puro sangue a trotar pelos campos
deixando no vento os encantos
os cantos, a tristeza e o amar.

Vá, poetisa!
Siga com a fibra que emana de ti
Traga os bons fluidos pr'a gente sentir
Que o ofício nato da vida escrita
Genuína e visivelmente
Em teu peito vige, grita!!!

(Não foi à toa que me tornei tua fã!)

Um grande abraço, amiga poetisa!

analyra's picture

Re: Autobiografia poética

Pois então, lila amiga do coração,
foi um caso de amor a primeira lida,
também sou tua fã desde o início amiga querida,
colega de ofíco, poetar é nosso vício.
Irmà de rima, numa luz que nunca termina, que me salva, de negra fico alva, esta rima que se afirma e que minha vocação determina.
Grande abraço.
Muito grata amiga ce fraterno laço.

Mefistus's picture

Re: Autobiografia poética

analyra;
Truz,truz,truz
-Quem é?
-È o destino feroz.
-è engano.
-Não pode haver engano, procuro poetisa
-Pois, digo eu sou profetisa.
-Não. é poeta sim. Uma voz sem tamanho. Uma voz de escrita de cetim, de mil cores furiosas, em notas tão melodiosas.

Solte-se a poetiza,
solte-se tão bela rima
Existe.Insiste e escrita na pedra
Sempre será eterna,

pelo menos em meu coração.

Lindo poema...Em rima quase cantada.

Fascinante :-P

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