o entendimento completo da morte.
Fico suspenso na água
a noite cheira a rosas e o milagre da pobreza
é deixar cair o incognito perfume dos olhos.
Suspenso na água e de patas penduradas no hemisfériO
tento refazer o mundo. É este o sinal para accionar as transformações do corpo.
Suspenso na água vejo os meus olhos
e não são os olhos que vejo
mas a água.
Não ter segredos é simples
o mistério de morrer é esperar e entre o mistério do que se espera
e o inesperado de não se saber onde ficaram os olhos nós tentamos e o tentar é a imperfeita conjugação de pensar que qualquer coisa é a sensação particular das coisas comuns.
Não ter rotina é morrer as coisas comuns fazem falta á paixão.
Fico suspenso na água e de pernas para o ar imagino-me um poeta que recita uma canção na sola dos sapatos velhos. Aquele barulho, aquele andar da multidão que parece que mexe, que parece que anda e que muda de posição quando parece estar a despir a terra e a terra fica nos sapatos como a musica nos dedos ou simplesmente como a respiração que se vai do corpo.
Fico suspenso na água
a noite cheira a rosas bravas
existir é ter cuidado e ter cuidado é desfolhar o amor e não ter cuidado é a unica atenção que o amor precisa para se equilibrar pois nunca se sabe como os homens se equilibram e contudo sabemos que encontram uma certa firmeza.
Assim o mar
assim o amor e todas as coisas misturadas.
Os homens livres e os outros e as mulheres para que não se diga que falta uma cor.
E é sempre a natureza esse milagre
essa transformação do cisne feio
no amor verdadeiramente universal e poderoso.
Não há nada que o amor não faça
para espantar os homens comuns e esse é o milagre do amor e isso é não entender nada e ter no entanto uma qualquer admiração que fosse o entendimento completo da morte.
lobo
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 1589 reads
other contents of lobo
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Aphorism | Quando o gume da faca nos perfura | 1 | 1.752 | 06/14/2010 - 21:44 | Portuguese | |
Prosas/Others | limpas o rosto ao papel das escrituras | 2 | 2.401 | 06/11/2010 - 21:32 | Portuguese | |
Prosas/Mistério | Vale tudo neste império | 1 | 2.563 | 06/11/2010 - 13:50 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | uma velha bordava | 3 | 1.760 | 06/10/2010 - 01:55 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Os bichos dormem no sono dos homens. | 2 | 1.847 | 06/07/2010 - 22:08 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | No prato da sopa eu provo as lágrimas | 1 | 2.270 | 06/07/2010 - 19:17 | Portuguese | |
Prosas/Thoughts | Os adolescentes não sabem escrever poesia... | 1 | 2.283 | 06/07/2010 - 14:37 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | O inutil | 2 | 1.993 | 06/06/2010 - 06:31 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Pai nosso das ratoeiras | 2 | 1.982 | 06/03/2010 - 14:55 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Nao há luz na planicie | 0 | 1.733 | 06/03/2010 - 14:29 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | O sangue da terra e o sangue dos homens | 1 | 1.607 | 05/26/2010 - 14:42 | Portuguese | |
Prosas/Ficção Cientifica | resposta | 2 | 2.799 | 05/18/2010 - 11:33 | Portuguese | |
Prosas/Ficção Cientifica | Valkiria | 4 | 2.107 | 05/17/2010 - 14:15 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | As asas dos loucos são flores | 2 | 2.208 | 04/28/2010 - 18:44 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Abril já não mora aqui. | 2 | 1.824 | 04/25/2010 - 14:15 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | As asas cortam como facas | 3 | 2.373 | 04/23/2010 - 18:56 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Meteu tudo no centrifugador | 0 | 1.664 | 04/17/2010 - 14:05 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Escrever no pão este remorso... | 0 | 1.898 | 04/13/2010 - 16:44 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Quando passam os saltimbancos | 5 | 1.690 | 04/12/2010 - 15:43 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Bonecas insuflaveis | 2 | 1.740 | 04/11/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | O Trote do cavalo na linha | 2 | 1.368 | 04/10/2010 - 17:42 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | A Formiga tambem escrevia versos | 1 | 1.189 | 04/09/2010 - 18:35 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | pimba | 4 | 1.442 | 04/06/2010 - 17:52 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Como umas asas na imaginação | 1 | 1.810 | 04/01/2010 - 19:33 | Portuguese | |
Prosas/Thoughts | Para que serve a alta velocidade | 1 | 2.215 | 03/27/2010 - 01:28 | Portuguese |
Add comment