Cartas ao Mar.

Cartas jogadas ao mar, por que mais lembranças enfim?
De tolas certezas se preenchem a minha vida, finita por certo,
Agora sei,
sei do perecível dos beijos,
do perecível da mãe,
do perecível do mundo, porque sei do dia o mal estar de domingo, a solidão
Sei da culpa um certo riso e os olhos da santa, um seio amputado,
Sei da arma apontada para os nossos próprios umbigos.

Cartas jogadas ao mar, por que maldades a mais?
De insônias e alegrias passam os meus dias,
Agora eu sei,
Sei do infímo das margens,
(por que tantas margens se o rio é um só?)
Sei da fragilidade do mundo, porque fui na noite um afogado firme!
Sei do verso o vespeiro, o excluído,
A arma que esqueceram de apartar o gatilho.

Cartas jogadas ao mar, por que sofrimentos na alma?
Com poucas palavras deixei aquela cidade.
Agora eu sei,
Sei do mapa que não segui,
Das veias tortas do mundo, porque sou dele, sou dele...
a imagem e a semelhança...
Sei do escudo da morte,
A mão de mulher que acenou até o fim.
Eu sei.

Patrícia Porto

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Wednesday, January 20, 2010 - 00:50

Ministério da Poesia :

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