PERFUME ENTRE OS NOSSOS CORPOS

Fulgente,
invades-me o corpo
pegando-me fogo, amante.

Sem rescaldo,
crepitam chamas
pela calada da noite
à solta no ondular do teu cabelo.

Todo eu sou faíscas
quando o teu cabelo baila no meu rosto.

És quebranto de tentações
saltaricando sobre mim piras de loucura
que me ougam tocar-te borbulhado de emoções.

Empolgo-me
num corrupio de águas murmurantes
sobre pontes de paixão que une nossos lábios.

Um quase desmaio
sorve toda a minha alma dentro de ti.

Teus passos são beijos audíveis
no silêncio pirogénico do meu desejar-te.

Cada um dos teus gestos
são suaves magias com sabor de sonho.

Teus olhos
levantam rosas de amor
num açude de olhares loucos
que se retorcem contagiados de prazer.

Sucedes as flores
com as quais dou o nome ao tempo
aquando meu caminho são teus braços.

Amar-te
é uma passadeira vermelha
por onde te passeias linda, infinda.

Tua voz é uma metáfora de arco-íris.

Os calendários
oram em coro tua presença nas minhas luas.

Aqueço as mãos com palavras
que só tua pele sabe ler entre nossos corpos.

Mover-me contigo
é um mar de volúpias,
um rio de mimos que me norteiam.

Teu perfume
é um sopro de vento
que venera a Primavera no meu coração.