Sobre uma linha cor de treva
Sob a mais azul,
A ponto de ser
Persa de tão azul,
A expectativa
Do mundo é tamanha,
As suas costas tortas
E cada criatura
Viva semi-morta...
A sede é tamanha,
A sede é perversa,
A sede é medonha,
A as línguas são persas....
Sob a linha azul,
Sob a mais azul,
A ponto de ser
Persa de tão azul,
Altas as falenas
Vão. E vão o bastante
Para parecerem
Tão pequenas quanto
As eternas que
Ali brilham sem
Que haja quem as veja:
Só se vê gotículas
Pelas poças sujas.
Sob a linha azul,
Sob a mais azul,
A ponto de ser
Persa de tão azul,
Uma das linhagens
Que torna em suruba
O que é comunal,
A que usa vermelho,
Vermelho tal a língua
Onde só pulula
A morte, entre as vítimas
Suas perambulava...
Saudava-os sorrindo.
Sob a linha azul,
Sob a mais azul,
A ponto de ser
Persa de tão azul,
Alemãs jorravam,
Jorravam as russas,
Também mexicanas,
Alguma escocêsa
E uma ou outra asiática
Entre as nacionais
Aos pés da cantôra
Conterrânea lésbica
Que ali (não en)cantava.
Sobre a linha azul,
Sobre a mais azul,
A ponto de ser
Persa de tão azul,
Eu pude enxergar
Chegar todo um mar
De cinza distante...
Queimava sem cinzas
Deixar toda a luz
Que pintava aquelas
Gotículas a
Sódio e a mercúrio
Com ódio do escuro...
Sobre a linha azul,
Sobre a mais azul,
A ponto de ser
Persa de tão azul,
Sustenta-se o espaço...
Podes perceber
E consigo ser
E então padecer
Feito eu pude ver
Do mundo o cansaço?
O traço está curvo,
O calar é profundo
E o azul taciturno.
Sobre a linha azul,
Sobre a mais azul,
A ponto de ser
Persa de tão azul,
Vi deitar-se um manto
Cinzento mais frio
Que o frio que há no vento...
Com delicadeza
Ia na direção
Dos que bem não viam-se
Perdidos em meio
Ao imenso do não
Ver-se em qualquer meio...
Sobre a linha azul,
Sobre a mais azul,
A ponto de ser
Persa de tão azul,
A cobrir o mundo
Inteiro de verde
Há de vir o cinza
Ruidoso e colérico...
E que eu longe esteja,
Com a cabeça onde
A rima viceja,
Nestas horas frias.
Adolfo Justino de Lima
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 2499 reads
Add comment
other contents of Adolfo
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Soneto | Soneto feito de solidão | 4 | 1.551 | 01/26/2012 - 14:40 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Outra razão | 0 | 1.357 | 01/26/2012 - 13:08 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Gosto | 0 | 1.754 | 01/26/2012 - 13:06 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | O Orgão | 2 | 1.983 | 01/26/2012 - 11:57 | Portuguese | |
Poesia/General | Da infância | 1 | 1.773 | 01/26/2012 - 10:49 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | A primeira despedida | 0 | 2.367 | 01/18/2012 - 22:54 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Sempre e sempre | 0 | 1.906 | 01/16/2012 - 19:37 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | Astral Romance XII (Incompleto) | 1 | 2.455 | 12/30/2011 - 06:12 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Versinhos pequeninos | 3 | 1.980 | 12/28/2011 - 14:55 | Portuguese | |
Poesia/General | Uma oração... | 1 | 1.556 | 12/28/2011 - 05:02 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Soneto feito de indiferença | 2 | 1.748 | 12/28/2011 - 05:01 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Púrpura | 1 | 2.118 | 12/27/2011 - 06:49 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Noite feliz | 7 | 2.077 | 12/27/2011 - 02:54 | Portuguese | |
Poesia/Amistad | À melhor de quem já tenho como mais que amiga III — Cinismos | 0 | 1.988 | 12/27/2011 - 02:41 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Sobre outra paixão | 0 | 1.822 | 12/21/2011 - 05:26 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | À Gentileza (por Timidez) | 2 | 3.831 | 12/20/2011 - 21:56 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Petalum III | 2 | 2.165 | 12/17/2011 - 18:04 | Portuguese | |
Poesia/Gótico | Ego de um vampiro II | 1 | 2.402 | 12/17/2011 - 15:37 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | A Primavera | 2 | 2.557 | 12/17/2011 - 02:23 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Dos poetas o amar | 0 | 1.685 | 12/17/2011 - 01:10 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Somos feito a lua e o mar III | 0 | 2.311 | 12/17/2011 - 00:53 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Ao meu amor que teve de se calar para mim II | 0 | 1.818 | 12/17/2011 - 00:44 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | 003 | 4 | 2.476 | 12/16/2011 - 11:14 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Uma canção - Parte I | 1 | 1.964 | 12/14/2011 - 01:43 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Uma flor (Dueto) | 0 | 1.820 | 12/14/2011 - 01:10 | Portuguese |
Comentarios
Um resumo vil
Comecei a meia-noite e meia do dia 2 num show de uma cantora bahiana na praia, com um terceto. Terceto este que aparece na última estrofe, sobre o cinza banhar o mundo de verde... Apareceu por lá um político. Eu seguia para casa a fim de evitar a precipitação.