Alguns passos

Alguns passos

Se não fossem os passos lentos, que mais pareciam marcar o espaço, o tempo, o olhar hora solto e por momentos procurando atingir algum ponto. O ar levemente frio, com certas folhas jogadas ao chão, o desejo ardente de esquecer, não existir, apenas mais uma tarde em meio a tantas outras espalhadas pelos calendários, com datas pré-definidas de rotinas sem fim.
Apenas a cor amarela parece lhe chamar atenção, o vermelho cansado de velhos amores, de tantos ardores derramados, não faz mais a diferença que precisava, que tanto buscava. De todos os desejos passados em vida, os arrependimentos surgiram do que foi posto como forma negativa, mesmo sendo tão únicos, tão inteiros e tão seus.
As calçadas lentamente engoliam seus pés, os prédios tão aclamados e tão velhos em alguns momentos, pareciam sumir com seus sonhos, a cidade mais parecia um organismo vivo, pulsante, cujo único objetivo era deixar seu dia mais cinza, mais agressivo, mais dolorido.
Placas que procuram dar ordens ao invés de indicar, duvidas e medos perambulantes disfarçados com roupas cuidadosamente escolhidas para causar alguma falsa impressão.
Um esbarrão, uma palavra solta, um pedido de socorro em forma de sorriso. O vento segue, levando com sigo o rumo do acaso, o impulso do inesperado, acompanhado pelo vai e vem dos carros, pela garoa que começa a cair, pela pressa em não molhar com novo frescor as velhas hipocrisias.
O barulho já não faz mais diferença, em alguns minutos o silencio absoluto toma conta, tornando tudo tão frágil, tão vulnerável. Como quem pouco caso faz, continua indiferente a tanta falta de paixão ao seu redor, como quem com um simples toque se adapta facilmente a forma petrificada de vida na qual esta ligeiramente acostumado a viver. 
Abre e fecham lentamente seus olhos, como quem de forma simples fala para si mesmo, recomeçar é apenas uma questão de teimosia e sentir uma opção de pessoas invisíveis, que persistem em colorir.

Submited by

Viernes, Mayo 10, 2013 - 19:10

Prosas :

Sin votos aún

Pablo Gabriel

Imagen de Pablo Gabriel
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 4 años 6 semanas
Integró: 05/02/2011
Posts:
Points: 2944

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Pablo Gabriel

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Críticas/Varios Calcanhares 0 2.790 11/30/2013 - 12:06 Portuguese
Críticas/Varios Carta a um estranho 0 4.024 11/22/2013 - 17:35 Portuguese
Fotos/Otros Livro novo! A venda em dezembro! 0 2.950 11/18/2013 - 15:16 Portuguese
Poesia/Amor Criança 0 2.306 11/08/2013 - 19:26 Portuguese
Poesia/Meditación Embriagados 0 2.459 11/08/2013 - 13:07 Portuguese
Anúncios/Varios - se ofrezce Mais poesia e cronicas! 0 6.023 11/07/2013 - 20:11 Portuguese
Poesia/Amor Bondade 0 2.687 11/07/2013 - 19:14 Portuguese
Críticas/Cine Notas de Rodapé - curta metragem 0 4.930 11/05/2013 - 20:07 Portuguese
Poesia/Amor Outonos e primaveras 0 2.308 11/05/2013 - 17:53 Portuguese
Fotos/Otros olhares 0 4.803 10/29/2013 - 19:33 Portuguese
Fotos/Otros madrugada 0 3.332 10/29/2013 - 19:30 Portuguese
Poesia/Amor Aromas 0 1.991 10/29/2013 - 12:50 Portuguese
Poesia/Pensamientos Caminho 0 2.325 10/25/2013 - 14:16 Portuguese
Críticas/Varios Luzes vermelhas 0 2.960 10/24/2013 - 18:20 Portuguese
Poesia/Meditación Concreto, fé e suor! 0 1.551 10/24/2013 - 12:28 Portuguese
Críticas/Varios O conto 0 3.689 10/23/2013 - 17:36 Portuguese
Poesia/Meditación Retratos 0 2.071 10/23/2013 - 14:30 Portuguese
Críticas/Varios Sobre o tempo 0 3.077 10/21/2013 - 12:56 Portuguese
Poesia/Meditación Noite dos cachorros perdidos 0 2.525 10/18/2013 - 16:55 Portuguese
Poesia/Meditación Democracia 0 2.421 10/11/2013 - 14:48 Portuguese
Poesia/Meditación Nem janela, nem porta 0 2.772 10/04/2013 - 20:37 Portuguese
Poesia/Meditación Desigual 0 1.786 10/04/2013 - 20:08 Portuguese
Poesia/Amor Ciranda 0 1.902 10/04/2013 - 16:23 Portuguese
Poesia/Meditación Ilusão 0 2.661 10/02/2013 - 15:33 Portuguese
Poesia/Meditación Tem fé! 0 2.214 10/01/2013 - 21:46 Portuguese