A Maria do Crack

Maria Louca da Central,
a doida varrida da Pedra,
acomoda sua suja figura
em qualquer figurino de Fedra,
mas sem um Trágico que lhe cante
percorre em vão a inexistente memória,
em busca da própria história.
E história não há, leitor das Tragédias.
Só se sabe que corre.
Da polícia e de quem diz que a socorre.
Corre avenidas, corre ruas, corre vielas,
mas chegada não há.
Só há a fissura, só a gastura.
E a vida sem cura.

Maria Louca, Doida Varrida, foi filha noutra vida.
Nessa não.
Foi irmã, foi namorada, foi esposa e foi gente na outra vida.
Agora não.
É só recheio de camburão.
E bradam, internamento compulsório,
pois é tempo de turista,
o nosso dono provisório.
Depois, devolvam-na às ruas,
já que assim dizem os entendidos.
Que volte aos manos bandidos
e aterrorize os pacatos burgueses fodidos.
Mas não se desespere não,
pois Crack mata rápido,
como a dor da solidão.
Mas não se sinta culpado não.
É culpa da televisão, de Wall Street
e do ópio do Afeganistão.
Mas não chore não,
Maria Louca, Varrida da Pedra,
é só a outra face
do auri-verde pendão.

Descanse dos homens, pobre Maria.

Produção e divulgação de Pat Tavares, lettré, l´art et la culture, assessora de Imprensa e de Relações com o Público. Rio de Janeiro, inverno de 2014.

Submited by

Martes, Julio 22, 2014 - 15:48

Poesia :

Sin votos aún

fabiovillela

Imagen de fabiovillela
Desconectado
Título: Moderador Poesia
Last seen: Hace 8 años 47 semanas
Integró: 05/07/2009
Posts:
Points: 6158

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of fabiovillela

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Tristeza A Maria do Crack 0 4.199 07/22/2014 - 15:48 Portuguese
Poesia/Amor Quadrantes 0 4.783 07/21/2014 - 15:15 Portuguese
Poesia/Amor Tudo 0 2.077 07/20/2014 - 02:11 Portuguese
Prosas/Otros Spinoza e o Panteísmo - Parte I 0 2.785 07/19/2014 - 17:10 Portuguese
Prosas/Contos Rubenito Descartes 0 4.256 07/18/2014 - 23:45 Portuguese
Poesia/Amor Aconteceu 0 3.744 07/18/2014 - 17:19 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte XIV - Considerações Finais 0 6.748 07/17/2014 - 16:22 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte XIII - A Sobrevida da Espécie 0 8.770 07/16/2014 - 16:15 Portuguese
Poesia/Tristeza Lamento 0 2.187 07/15/2014 - 15:00 Portuguese
Prosas/Otros Com mais amor. Com mais orgulho. 0 8.572 07/14/2014 - 23:44 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte XII - O Extase Religioso 0 8.920 07/14/2014 - 15:44 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte XI - A Arte 0 7.573 07/11/2014 - 16:15 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte X - O individuo genial. 0 5.198 07/09/2014 - 16:23 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte IX - A Sabedoria da Vida 0 5.616 07/07/2014 - 16:11 Portuguese
Poesia/Dedicada Com muito orgulho e com muito amor 0 3.561 07/06/2014 - 16:51 Portuguese
Poesia/Amor Prenúncio 0 2.222 07/04/2014 - 16:16 Portuguese
Poesia/Tristeza Elos 0 2.616 07/01/2014 - 15:42 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - O Suicidio - Parte VIII 0 12.153 06/30/2014 - 21:53 Portuguese
Poesia/Amor Sophie 0 2.906 06/29/2014 - 18:15 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte VII 0 3.984 06/29/2014 - 15:59 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte VI 0 5.360 06/27/2014 - 21:57 Portuguese
Poesia/Amor A canção de Saigon 0 3.364 06/25/2014 - 16:56 Portuguese
Poesia/General Cantares 1 2.827 06/24/2014 - 19:56 Portuguese
Poesia/Amor A Estrela da Noite Fria 0 4.404 06/22/2014 - 16:17 Portuguese
Poesia/Amor A Volta 0 3.509 06/20/2014 - 16:15 Portuguese