A Casa de Barro

Existia no pátio da casa onde passei parte da minha infância, um grande pé de figueira. Os galhos se estendiam até o chão e eram tantos que dava para se esconder embaixo da árvore. E foi lá que fiz a minha primeira casinha. Só tinha um problema: à noite não dava para brincar, porque o pátio ficava um pouco escuro e eu tinha medo da tal Periquita, uma anã que vivia pelas ruas da cidade. Ela entrava nas casas sem pedir licença e quando eu fazia alguma arte, a mãe me dizia que ia me dar para ela. Por esse motivo, eu sempre ficava com medo, mas a vontade de brincar, mesmo à noite, era maior que o medo. Precisava de luz na minha casinha. Então meu irmão, que era o inventor mais jovem e criativo, resolveu a situação para que eu tivesse luz na minha casinha. Cortou a parte superior de uma lâmpada e pendurou num dos galhos da figueira. O passo seguinte, foi caçar vaga-lumes à noite. Eles apareciam muito, logo ao anoitecer. Então caçamos vários e colocamos dentro da lâmpada. Lá eles ficavam piscando e piscando, iluminando a minha casinha, mais parecendo uma árvore de Natal.
Essas eram as brincadeiras que fazíamos, quando crianças. Nada que se compare com a forma de brincar dos dias de hoje. Mas sempre queríamos inventar mais coisas. Eu precisava de uma casinha de verdade. Então percebi que o meu vizinho, que morava na frente da nossa casa, havia feito um muro e haviam sobrado muitos tijolos. Pensamos em pedir para ele, mas a mãe não poderia saber o que pretendíamos fazer. Assim que anoiteceu, reunimos a criançada para brincar de esconde-esconde. E onde é que a gurizada ia se esconder...? Claro que atrás dos tijolos. Eu ficava contando até dez, atrás do muro. Então cada amigo corria com um tijolo na mão e ia passando pela grade do muro. No outro dia, o vizinho nem percebeu que haviam sumido alguns tijolos, porque ficaram jogados na calçada durante muito tempo. Foi a primeira casa de brinquedo que fiz para mim. Precisei cavar um quadrado no chão, para aumentar a altura da casinha. Depois, fiz uma massa com terra e água e foi assentando os tijolos. A janela foi feita com uma caixa de goiabada, que tinha uma dobradiça. Ficou perfeito. Dava para abrir e fechar a janela. Para o telhado, peguei algumas madeiras que haviam no pátio e pronto: lá estava a minha casinha, pronta para ser usada. Se a minha mãe descobrisse essas peraltices, com certeza a varinha de marmelo iria cantar nas minhas pernas.
Débora Benvenuti
http://colchaderetalhos13.blogspot.com.br
Submited by
Prosas :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 2994 reads
other contents of deborabenvenuti
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Tristeza | CANÇÃO DA DESPEDIDA | 0 | 2.285 | 06/26/2010 - 15:23 | Portuguese | |
Poesia/Amistad | AMIZADE | 1 | 1.516 | 06/25/2010 - 20:41 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | ESCUTA,CORAÇÃO! | 1 | 2.108 | 06/23/2010 - 20:39 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | A NOSSA NOITE | 2 | 1.722 | 06/23/2010 - 15:03 | Portuguese | |
Poesia/Amor | A ESPERA | 2 | 1.923 | 06/23/2010 - 12:00 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | PROCURA-SE | 1 | 1.862 | 06/21/2010 - 23:54 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | QUANDO A SAUDADE VIER TE VISITAR | 2 | 1.002 | 06/21/2010 - 20:39 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | POR QUE TE CHAMAS...SOLIDÃO? | 1 | 1.055 | 06/20/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | SILÊNCIO | 1 | 1.537 | 06/19/2010 - 23:18 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | ETERNAMENTE...SÓ | 0 | 2.149 | 06/18/2010 - 19:20 | Portuguese | |
Poesia/Amor | SENSAÇÕES | 2 | 2.241 | 06/15/2010 - 20:42 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | O AMOR NASCEU | 1 | 1.935 | 06/13/2010 - 21:52 | Portuguese | |
Prosas/Contos | A SABEDORIA, A DIGNIDADE E A ESPERTEZA | 1 | 3.109 | 06/08/2010 - 21:20 | Portuguese | |
Prosas/Contos | A SAUDADE E O AMOR | 1 | 3.150 | 06/08/2010 - 21:16 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | O DESTINO E O ACASO | 2 | 2.791 | 06/08/2010 - 20:50 | Portuguese | |
Poesia/Amor | PROCURA-SE UM NAMORADO | 1 | 2.479 | 06/08/2010 - 18:24 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | O BALANÇO DAS PALAVRAS | 1 | 2.190 | 06/08/2010 - 01:26 | Portuguese | |
Poesia/Erótico | VOCÊ JÁ RECEBEU TULIPAS HOJE? | 1 | 2.063 | 06/07/2010 - 19:46 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | AVESSO | 1 | 2.127 | 06/06/2010 - 21:58 | Portuguese | |
Prosas/Contos | A INTUIÇÃO | 1 | 3.146 | 06/04/2010 - 23:21 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | PRATELEIRA DE SAUDADES | 1 | 2.500 | 06/04/2010 - 16:39 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | A ESCOLHA | 3 | 2.580 | 06/03/2010 - 23:41 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | AS DUAS PORTAS | 1 | 2.244 | 06/03/2010 - 22:20 | Portuguese | |
Poesia/Amor | PALAVRAS AO VENTO | 1 | 1.889 | 06/03/2010 - 22:06 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | O TRAVESSEIRO E A TRAVESSIA | 1 | 2.427 | 06/03/2010 - 00:18 | Portuguese |
Add comment