Caminho, por não ter fé ...

Segundo o Endovélico, é privilégio da fé individual de cada ser, tomar um lugar sagrado como lugar religioso ou tornar um legado, religião instituída, depende da empatia pessoal e fiduciária do Xamã, mais que da energia dispensada por uma simples vela barométrica ou do binómio gozo/usufruto e não tanto do clima e da energia despendida e experimentada nesse nevrálgico e frágil ponto que pode ser ubíquo, omnipresente em qualquer parte ou domínio consciente, lugar onde nos predispomos a aceder o divino e onde não há razão para duvidar e para deixar de sentir omnipotente, o universo como peculiar ou particular em nós e exclusivamente.
Uma corrente humana não passa disso mesmo, de um mega-elo verbal e metafísico e a exposição ou predisposição pretensamente panteísta desse elo, podendo ser ortodoxo ou heterodoxo (embora tente convencer-me do contrário) pode ser balizado por argumentos não actuantes, distintos da função onde assentam os meus princípios e a missão humana que serve de orientação das minhas emoções funcionais vitais mais primárias e dominantes.
Essa subjacente emoção, traz consigo o que se pode considerar um selo empático, se o individuo puder explicar-se pelo pensamento e não por acções que redundam a realidade de um mal social maior, que define determinado paradigma, como amoral entre entes imorais, em que uma palavra define outra e outra, assim por diante, como um ser se define definitivamente e infinitamente como inferior ou superior, pela educação ou a irreparável falta dela, se aplicada irracionalmente, com todas as consequências. 
Justifico-me plenamente pela religião, pelo que ela comporta mais que pela verdade evidente, reduzo-me até ao mínimo absurdo, mas primo pelo direito de conservação da minha racionalidade espiritual e conceitual, excluindo os outros, a partir de um certo ponto, apago-os da minha existência, da minha condição de residente nos elevados subúrbios, embora viva a simplicidade das flores no quintal que cultivo. 
O que me distingue e á minha tese panteísta, é a função de esgaravatar buscando por almas humanas também elas na busca de outros desses eles, nos locais mais recônditos e isso implica abdicar de determinados conceitos estéticos, que vejo sendo abduzidos e reduzidos, a uma trama sem carácter, à qual não tenho outro remédio, senão disciplinarmente me afastar e conscientemente denunciar a coarctação de pensar -liberdade e o direito inalienável - de me conspurcar de todos os desmandos possíveis e imagináveis á luz da verdade, liberdade, excepção e bom gosto.
Sou contra quem me erguer defronte um muro, em nome da liberdade, senão contra mim que seja, e não procurar um eclectismo intelectual, talvez ilusório e teatral, revoltar-me contra mim até, se for o caso e sair deste marasmo em que me sinto tolhido e sem argumentos aumentativos, confinadamente assentes e com sentido, é este o primeiro passo para o meu progresso mental poético e argumentativo.
Sempre criei poesia de base zero, anuindo natureza a dois números primos, com a hipótese de, dentro do meu espírito, o colorido tinte uma polícroma dimensão, não digo geométrica, mas volumétrica que pode ser tocada por quem do-lado-de-fora também tenha uma designação não convencional, para as duas linhas separando os olhos, servirem de interlocutor lúcido ao queixo em baixo.
Sobra-me finalmente uma tristeza que é não ter eco de vozes incógnitas, ou quórum de querubins sem sexo, fazendo piruetas, mas porque havia de ter, sendo de única via a estrada que trilho e o tino igual à distãncia que me separa deles, externos a mim, salada em geral insone, insonsa e genericamente incomoda, que não gosto de ver nem sentir, tudo depende da minha marcada objectividade, mascarada de manufacturadas realidades, por não precisar de melhor e, deixar de escrever, não é deixar de escrever, já que o meu phatus, ou sentimento de imensa paixão não é feito de papel pardo ou faca, nem é jornal de forrar parede de caixote de lixo.
De facto não me merece respeito quem não me respeita, nem os meus sinais e até rejeita esta grainha rejeitada e a relatada redacção, é a básica matéria-prima que possuo, nesta cara fria por fora e por dentro limão, e é-me tão ou mais cara que o preço de um café, sorvido apressadamente ao balcão.
Falta-me qualquer argumento que qual, ainda não sei qual, mas dou-me por satisfeito e retiro-me com estas divagações redigidas à pressa, para que a vossa desatenção ou a atenção parcial não desbote, já que sobriedade não tenho, nem peço aos periféricos deuses por tal, pois perfeito é desumano e eu não desconsidero a aproximação ao sublime.
Adoramos o que não podemos ter, e eu ouço a respiração da natureza como um Endovélico Dom, ou um efeito alterado da percepção imaginaria, não como uma vantagem de quem mora um andar mais alto e elevado, mais que a maioria dos inquilinos desta cidade mal parida, mas que deixou de ser refúgio sacro para mim.
Os pensamentos surgem-me nas mesquitas, às esquinas, nos cotovelos presentes em mesas, cadeiras e chávenas de café quente e quando menos reparam em mim, em nós outros, passageiros das passadeiras brancas e pretas, olhando no fixo do olhar vazio dos nossos semelhantes, de quem nem vê quem lá anda, quem lá passa de manso.
Sinto uma inveja profunda da realidade e de imensas coisas que tornam monótona a contemplação do mundo exterior a mim, como uma paixão visual, manifesto-me pela escrita argumentativa e na poesia não decorativa, o que diminui ainda mais o efeito ilusório da realidade, sensação congénita em mim.
As coisas que procuro, não estão em relação a mim, quanto eu em ligação a elas; encolho os ombros e caminho devagar, por não ter cura para este mal-entendido com a realidade e retiro-me com o pressentimento de não voltar eu próprio, por via de me ter tornado outro mais puro e poroso, por fim magnânimo, ao ponto de nada ser igual ao que era, quando volto a cabeça e olho para trás, sobre o ombro... 

Jorge Santos, aliás Joel Matos
8 Abril 2019

Submited by

Viernes, Marzo 29, 2019 - 10:09

Ministério da Poesia :

Su voto: Nada Promedio: 5 (1 vote)

Joel

Imagen de Joel
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 8 semanas 6 días
Integró: 12/20/2009
Posts:
Points: 42284

Comentarios

Imagen de Joel

.

.

Imagen de Joel

.

.

Imagen de Joel

.

.

Imagen de Joel

.

.

Imagen de Joel

.

.

Imagen de Joel

.

.

Imagen de Joel

.

.

Imagen de Joel

.

.

Imagen de Joel

.

.

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Joel

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Ministério da Poesia/General Tão tanto … 1 2.584 02/20/2018 - 17:49 Portuguese
Ministério da Poesia/General Garças voam e não voltam … 2 3.012 02/20/2018 - 17:49 Portuguese
Ministério da Poesia/General Segmentos derosa 1 2.507 02/20/2018 - 17:48 Portuguese
Ministério da Poesia/General Por uma outra … 1 1.159 02/20/2018 - 17:46 Portuguese
Ministério da Poesia/General Tudo o que pudesse ter sido eu não … 1 4.885 02/20/2018 - 17:45 Portuguese
Ministério da Poesia/General Janela de sótão 1 3.506 02/20/2018 - 17:43 Portuguese
Ministério da Poesia/General Existem esferas 1 4.553 02/20/2018 - 17:41 Portuguese
Ministério da Poesia/General O salto 1 2.935 02/20/2018 - 17:40 Portuguese
Ministério da Poesia/General Da paixão 1 3.561 02/20/2018 - 17:39 Portuguese
Ministério da Poesia/General A lembrança do que vou pensar 1 2.182 02/20/2018 - 17:38 Portuguese
Ministério da Poesia/General Na beira d’onde moro 1 1.901 02/20/2018 - 17:37 Portuguese
Ministério da Poesia/General Ego 1 1.297 02/20/2018 - 17:35 Portuguese
Ministério da Poesia/General Sonhar certo 1 2.757 02/20/2018 - 17:33 Portuguese
Ministério da Poesia/General Papagaio de cana, papel e gente 1 2.176 02/20/2018 - 17:32 Portuguese
Ministério da Poesia/General (O SantoSobrou) 1 3.681 02/20/2018 - 17:31 Portuguese
Ministério da Poesia/General Coração de boi 1 3.720 02/20/2018 - 17:30 Portuguese
Ministério da Poesia/General Encanto teu 1 2.891 02/20/2018 - 17:29 Portuguese
Ministério da Poesia/General Menor mundo 1 3.369 02/20/2018 - 17:28 Portuguese
Ministério da Poesia/General Inteiro e completo 1 3.123 02/20/2018 - 17:27 Portuguese
Ministério da Poesia/General Continua … 1 901 02/20/2018 - 17:26 Portuguese
Ministério da Poesia/General Inalterável a dor … 0 3.384 02/08/2018 - 10:15 Portuguese
Ministério da Poesia/General Lembra-me dois Unicórnios … 0 2.808 02/01/2018 - 10:59 Portuguese
Ministério da Poesia/General A dor é púrpura … 0 2.918 02/01/2018 - 10:59 Portuguese
Ministério da Poesia/General Travisto-me de aplauso 0 3.084 02/01/2018 - 10:56 Portuguese
Ministério da Poesia/General Em lugar primeiro … 0 2.459 02/01/2018 - 10:55 Portuguese