O Homem que Ninguém Libertou - Parte II - (A Ruptura)

Certa noite, o silêncio voltou mais alto.
Não como sussurro, mas como grito.
Um grito seco, interno,
Que não se ouve com os ouvidos
Se sente como fratura.

Ele estava diante do espelho,
Ajeitando a gravata,
Quando viu
Não o rosto de sempre,
Mas um leve trincado nos olhos.

Uma rachadura.
Pequena.
Mas real.

A imagem o olhava de volta
Com um cansaço que parecia ancestral.
E então algo rompeu
Não em som, nem em gesto.
Foi uma rendição silenciosa,
Como quando uma represa cede devagar.

Ele não foi trabalhar no dia seguinte.
Nem no outro.
O celular tocava, depois silenciava.
As mensagens se acumulavam como poeira digital.
O mundo chamava,
Mas ele não atendia mais ao nome.

Começou a caminhar sem rumo.
Cidades cinzentas, ruas iguais.
Pessoas vestidas de pressa e ausência.
Mas em cada passo,
Um peso se desfazia
Ou talvez fosse ele mesmo se desmanchando.

Certa madrugada,
Em frente a uma vitrine de loja fechada,
Viu seu reflexo mais uma vez.
Estava diferente.

Havia ali um homem sujo, com olhos fundos,
Mas vivos.
Assustados, talvez.
Perigosamente vivos.

E pela primeira vez,
Não soube se sentia medo
Ou liberdade.

(Continua...)

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

www.odairpoetacacerense.blogspot.com

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Martes, Abril 22, 2025 - 21:11

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