Mormaço

O mormaço abraça
essa espera.
O homem, no balcão,
grita nomes,
mas se vê que anseia por silêncio.
Que todas as doenças tivessem fim.
Que todos os doentes tivessem fim.

Crédulas mulheres,
de cabelos não cortados
e de resignações espessas,
citam a Quem veneram.
Tornam-no responsável
pelas suas últimas esperanças.

Alguém quer ser íntimo
da recepcionista mal humorada.
Alguém quer passar à frente,
mas a recepcionista o ignora
e, no íntimo, sente-se vingada
de suas frustrações cotidianas.

Alguém, no andar de baixo,
geme um grito alto.
Verbaliza a angústia comum.

Um homem exibe suas roupas novas
(por que as exibe?).
Tantos olhares para tão poucos vazios.

Tudo foi tomado pelo fastio.
Insistem vidas em estilhaços.
Excede-se o cansaço.

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Martes, Febrero 9, 2010 - 21:01

Poesia :

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fabiovillela

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Comentarios

Imagen de robsondesouza

Re: Mormaço

Escreves muito bem, Fàbio!

"Alguém quer ser íntimo
da recepcionista mal humorada.
Alguém quer passar à frente,
mas a recepcionista o ignora
e, no íntimo, sente-se vingada
de suas frustrações cotidianas.

Alguém, no andar de baixo,
geme um grito alto.
Verbaliza a angústia comum."

A recepcionista precisa de alguém que a alerte para seu desgaste, sugerindo um emprego que reponha seus gastos (não necessaria/ financeiros).

Abraços, Robson!

Imagen de MarneDulinski

Re: Mormaço

LINDO POEMA, GOSTEI!

Meus parabéns,
Marne

Imagen de RobertoEstevesdaFonseca

Re: Mormaço

Gostei imensamente deste poema.

Grande abraço,
Roberto

Imagen de apsferreira

Re: Mormaço

O mormaço acalenda
o tédio, que mói...
:-)

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