O canto da Sombra

A lembrança vaga e quase silenciada
Manifesta-se com uma tranquilidade soberana.
Dói e não dói,
Mexe e não mexe.
Não se declara mas não se esquece.

Está perdida algures no que o inconsciente
Amontoa para longe do pensar.

Corre a mágoa perante os olhos
E desvanece neste meu peito agastado.

Resta a Fadiga!
Esta é a minha forçosa afronta
Que me abomina a mente.

Projectar à vista o que seriamos não ocorre,
Somente sufoca ter ocorrido tal visão pelos subúrbios
De um coração esperançoso e medricas!

Não sou pessoa de desejar inconvenientes a ninguém
Mas não me passa que te acolhe alguém melhor que eu!
Não vamos fingir que não me paleaste doçuras e conformidades
De um Amor periférico sem cantos para causar ferimento
Mas, desentoaste por fim!

As atulhadas máscaras moeram aos meus pés
E, o meu corpo amanou num aflijir atropelado
Pela face que ainda hoje desconheço sobre a perfeita sombra negra.