Cão Vadio
Cão vadio
Cão vadio,
Vagueias tu sem lar,
Rei dos indigentes,
Vagabundo e órfão,
Mendigo…
És um sem-terra e sem abrigo,
És filho de toda a parte,
Com faro de liberdade,
Sobrevives com a tua arte,
À luz da noite desces à cidade
Sombria…
De dia,
Refugias-te na claridade da serra baldia.
Vejo-te na penumbra do sol nascente e sol poente,
Fantasma,
Pobre,
Pedinte,
Doente
(“Vejo a tua sombra de resistente…”)
Aproximas-te,
Aguardas carente,
Tímido e paciente,
Calor sincero de gente
Vira-lata,
“Bastardo de incesto criado”,
Coças as pulgas que no teu dorso se alojam,
Carne viva sarnenta,
Tens raiva de viver,
Mesmo que a sina de fiel amigo,
Revele tua dócil natureza de ser…
(Manso vai o rio da alma pura
O que as águas de lama não deixam ver…)
(Recusas a astúcia,
Preferes ser singelo.
Onde e como meditas, tu?)
Se os homens soubessem ser tão bons como tu,
Tudo Seria Melhor.
in As Pedras e os Buracos..., Colecção WAF VI, Janeiro 2010.
Meditação ou Aforismo?
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Comentarios
Re: Cão Vadio
Triste condição do cão...
Gostei de ler.
Abraço
Varenka