Portão de ferro

Portão de ferro
Grande e gigantesco portão de ferro fascinava-me toda a vez que o via.
Diziam que pertencia a uma fazenda do século XVIII, um lindo túnel de árvores a se cruzar, conduzia-nos a uma casa em ruína.
Vizinhos mais próximos diziam ouvir a noite barulho de correntes a se arrastar, gemidos dos negros escravos e o chicote do feitor a cortar o ar.
E então gritos humanos parecidos com uivos eram ouvidos e gemidos calados pelo o açoite ou pela morte.
Sempre que passava enfrente ao portão de ferro minhas pernas tremiam, olhavam aquela relva e seca que nunca verde ficava.
Minha imaginação me levava a pensar que havia ossos humanos sob esta relva.
O tempo passava e meu fascínio pelo portão de ferro aumentava.
A busca de segredos me fascina e históricos ainda mais.
Vencido o medo adentrei ao portão, um zelador pessoa de fisionomia rústica, me disse:
-Entra moça não fica espiando, tem muita lenda neste lugar, mas nunca vi nada.
Com medo aceitei o convite, afinal não estava só, havia dois amigos comigo.
Caminhar sobre aquele tapete amarelado de grama seca sempre fora meu sonho.
O caseiro então explicou que era uma grama especial que tinha vindo da Europa para não sujar os vestidos das senhoras da época.
Andamos uns vinte metros e chegamos à gigantesca casa que se via da rua, só restavam ruínas, tijolos sentados sobre uns sobre os outros, gigantescos comparados com os de hoje, cimento não havia estavam juntos por uma espécie de barro vermelho, o reboco era grosso e estava a despencar pela infiltração de água.
Lindos azulejos brancos e azuis vindos da Europa quebrados, poucos podiam se enxergar as figuras desenhadas
Na época fique com medo de pegar um dos que ainda estava inteiro para mim.
Mas meus amigos levaram consigo dois azulejos os quais ainda estavam inteiros que retravam figuras da época.
E hoje os tem em seus lares como objetos de decoração e guardam um pedaço da história de sua cidade.
Mais distante da casa atrás das ruínas estava à senzala esta o tronco onde os escravos eram castigados com fortes argolas presa a ele, mostravam que os castigos da época eram cruéis.
Nas paredes da senzala havia as mesmas argolas pelo chão elas se espalhavam, o zelador ainda disse.
-Não era um tempo nada bom, moça!
A rua onde passávamos era tudo fazenda; as charretes traziam os donos da casa até o portão de ferro e ai eles desciam e andavam pelo aquela caminho que parecia de pasto seco até a casa grande.
Hoje a historia se perdeu; o lote foi vendido e tem um conjunto de apartamentos, no local onde era o lindo e antigo portão de ferro.
Nunca ouvi comentários que tivessem sido achados quaisquer resquícios de ossos humanos no local.

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Jueves, Junio 18, 2009 - 05:36

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Re: Portão de ferro

Belo texto e bom refletir!vivemos em um tempo diferente mas tudo parece tao igual.Abrs querida.Gostei muito :-)

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Re: Portão de ferro

Caro Zézinho,este texto faz parte de um série de crônicas de minhas memórias de criança que hoje as crianças da família ouvem como estória que é história pois é baseado em fatos reais, antes de dormirem escrevi há muitos anos agora estou corrigindo e resolvi publicar este testo da minha primeira passagem pela cidade de Pelotas.
E aproveito para corrigir a quilometragem, de distância desta cidade a Porto Alegre são 289KM.

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