Se eu fechasse os olhos
Se eu fechasse os olhos, se os fechasse como se estivesse completamente com todas as coisas dentro do meu ser e depois eu fosse a árvore que escuta a alma abandonada dos homens. As palavras são como uma faca cravada nas costas do grito. Não me tires o amor selvagem, não me cales este grito que é o acordo entre mim e a revolta da terra. Se eu fechasse os olhos e ouvisse ao longe os homens que acordam em cada crença e morrem em cada linha em que a esperança torna a voz das multidões um momento ilegivel. Agora não quero os livros, não quero saber de crimes, nem do frio dos outros, agarrar as mãos ou agarrar as pedras, umas e outras que significado podemos encontrar que não seja a divisão, a distancia, a invisibilidade de termos a aparente convicção dos deuses que não podemos provar. Se eu fechasse os olhos e neste meu acto eu pudesse acender outro astro. Preciso de voltar a fazer aquela viagem, dizer-te que preciso de revelar todas as coisas que me oprimem, as outras que finjo na saudação diária dos dias. Se no fundo dos meus olhos eu me negasse poeta e atingisse o limite dos lugares comuns que são incapazes de magoar. Ser poeta é uma devoção e a devoção sacrifica a liberdade. Se eu fechasse os olhos, se o amor morresse para que a loucura fosse mais perfeita. Depois continuava a viagem, ia tranquilamente no caminho da intranquila memória do esquecimento das coisas
lobo 010
Submited by
Prosas :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 1942 reads
Add comment
other contents of lobo
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Dedicada | A luta | 1 | 2.420 | 05/19/2012 - 17:16 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Podia dizer que os livros não servem para nada | 0 | 1.409 | 05/07/2012 - 21:28 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Agora mesmo nas mãos fechadas | 2 | 2.343 | 04/21/2012 - 05:12 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Aquele navio | 3 | 2.000 | 04/21/2012 - 05:11 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | A fome parecia uma equação | 1 | 2.083 | 04/07/2012 - 09:26 | Portuguese | |
Poesia/General | o chão de brasas | 2 | 1.467 | 03/18/2012 - 21:27 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Escutas a água | 0 | 2.020 | 01/23/2012 - 13:28 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Segues essa sinuosa estrada | 0 | 2.193 | 01/23/2012 - 00:58 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Na rua não ficou nada | 0 | 1.551 | 01/20/2012 - 01:13 | Portuguese | |
Poesia/General | Não havia pedra | 1 | 1.476 | 01/20/2012 - 00:40 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Agora estás parada no meio da linha branca e preta | 0 | 3.037 | 01/19/2012 - 21:05 | Portuguese | |
Poesia/General | Video game | 0 | 1.932 | 01/19/2012 - 00:38 | Portuguese | |
Poesia/General | A tua forma de sentir | 0 | 1.856 | 01/17/2012 - 01:34 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Se o natal faz frio | 1 | 1.865 | 01/13/2012 - 19:52 | Portuguese | |
Poesia/General | Atravesso a estrada | 0 | 1.642 | 01/12/2012 - 22:11 | Portuguese | |
Poesia/General | Deixa-me ler as tuas mãos | 0 | 1.975 | 01/11/2012 - 20:54 | Portuguese | |
Poesia/General | No outro lado | 0 | 1.364 | 01/11/2012 - 00:09 | Portuguese | |
Poesia/General | Apanha a solidao | 0 | 1.796 | 01/10/2012 - 18:20 | Portuguese | |
Poesia/General | Atirou uma pedra á cabeça | 0 | 2.204 | 01/10/2012 - 02:09 | Portuguese | |
Poesia/General | Havia essa rua estreita | 0 | 1.767 | 01/09/2012 - 02:08 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | A noite anda nos espelhos | 2 | 1.624 | 01/09/2012 - 01:27 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Acendo a floresta | 0 | 1.359 | 01/06/2012 - 16:28 | Portuguese | |
Poesia/General | Vou me despir | 0 | 1.850 | 01/06/2012 - 13:36 | Portuguese | |
Poesia/General | Quem mistura a chuva na farinha | 0 | 2.242 | 01/02/2012 - 20:22 | Portuguese | |
Poesia/General | O teu amor e um maço de cigarros | 0 | 2.310 | 01/02/2012 - 01:24 | Portuguese |
Comentarios
Re: Se eu fechasse os olhos
Parabéns pelo belo texto.
Um abraço,
Roberto
Re: Se eu fechasse os olhos
"Depois continuava a viagem, ia tranquilamente no caminho da intranquila memória do esquecimento das coisas"
Ler-te em embrenhar-me por labirintos, onde o tudo se encontra com o nada, e o nada é tudo o que nos faz lembrar de coisas outras e nenhumas coisas, entre todas as que esquecemos
Sempre um prazer ler-te
Beijinho
Matilde D'Ônix
Não te esqueças que há um tópico no Forum "Histórias Contadas", para escrevermos contos. Vai lá deixar a tua participação também
Publicas o conto aqui e copias o link para lá
Ok?