ESTRUTURALISMO - Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético
ESTRUTURALISMO – pode-se considerar o Estruturalismo como uma das principais Correntes de Pensamento, princi-palmente nas Ciências Humanas, do século XX e do atual. E por sua importância na Filosofia, veremos primeiro o concei-to, ou noção, ou idéia do que é “Estrutura”. Do latim “STRUCTURA”, a palavra significa o conjunto de elementos que formam um “Sistema”, ou um “Todo”. Con-junto que obedece a um ordenamento estipulado para que o próprio Sistema exista de fato; pois sem ordem ou organiza-ção, o agrupamento de elementos resultaria apenas em um Caos sem finalidade. Junto com as regras, normas e especifi-cações fica a idéia de que tal Sistema esteja de acordo com seus Princípios fundamentais básicos (um agrupamento or-ganizado de bananas, não constituirá nunca o Sistema cha-mado de “laranjada”). Portanto, tem-se que “Estrutura” é tudo aquilo, físico ou abstrato, que possibilita a existência de um Sistema efetivo. Será o “esqueleto”, o arcabouço do mesmo. Alguns exemplos simples seguem abaixo: 1. A estrutura da Madeira – é o conjunto de moléculas que agrupadas organizadamente (ou ordenadas) dão o formato, a aparência, a resistência e outros atributos (ou características) que compõem o “Sistema Madei-ra”. 2. A estrutura da Língua Portuguesa – é o conjunto de substantivos, adjetivos, verbos, pontuação, acentua-ção etc. que devidamente organizadas (ou ordenadas) e devidamente utilizadas formam o idioma, através do qual o SER Humano representa ou simboliza as Coisas. Os Eruditos classificam as Estruturas conforme suas nature-zas (o que são, por que são desse modo, etc.) e Campos de Atuação. Veremos a seguir algumas delas: 1. TEÓRICA FORMAL – é a construção (ou formação, ou a maneira de juntar as Coisas, os Elementos etc.) Intelectual que dá forma (cria uma imagem) a um modelo que é usado para estabelecer as relações entre as variáveis (as alternativas que podem ocorrer) abrigadas em um Sistema. A “Estrutura Algébrica” é um exemplo desse Sistema. 2. TEORIA da GESTALT – a Estrutura é a “Forma” com que certos elementos se organizam. Elementos que só adquirem valor, ou sentido, quando fazem parte de um conjunto. Note-se que aqui a Estrutura NÃO fun-ciona como um modelo a ser seguido. Não é um plano que indica onde os Elementos ficarão e nem como se-rão suas relações, comportamentos etc. Ela NÃO an-tecede um Sistema, pois ela é que toma a Forma que o agrupamento de elementos assume e lhe dá. Pode-se citar um exemplo bem simples: três pontos (...) escritos em linha reta são percebidos como “formado-res de uma Reta”. A Estrutura NÃO previu ou deter-minou que os três pontos formassem uma Reta, mas como eles formaram, ela assumiu esse formato. 3. A ESTRUTURA PROFUNDA e a ESTRUTURA SUPERFI-CIAL – é uma tese do Lingüista CHOMKKY (NOAM, 1928, EUA) que afirma ser A “Estrutura Profunda” uma “Realidade Abstrata (existe verdadeiramente, embora não seja material)” e a “Estrutura da Linguagem Subja-cente” a todas as línguas. Em outros termos, a “Estru-tura Profunda”, mesmo não sendo material (nem e consciente), é o MODELO (como as Idéias de Platão) que está “por trás” das várias Linguagens. É quem “estipula” as regras, as normas, os formatos etc. da Linguagem “Universal”, da qual derivam as outras Linguagens “Regionais”; desse modo, tanto o idioma inglês quanto o chinês tem a mesma “Estrutura Pro-funda”, embora sejam diferentes em termos materi-ais. Obviamente que a “Estrutura Superficial” é a que se constitui para formatar as “Linguagens concretas, físicas” e variáveis conforme o lugar e o povo que a possui. No exemplo acima, o inglês e o chinês são du-as “Estruturas Superficiais”. Estrutura, porque cumpre a função de organizar, formatar aquela Língua; e Su-perficial, porque atua somente ao nível do concreto, do físico e para um Idioma em particular; ou seja, há uma Estrutura Superficial para o inglês, outra para o chinês etc. A “Superfície” é o bastante para que uma Língua cumpra sua missão, que é a de representar o objeto com que ela se relaciona. O que une essas duas Estruturas Superficiais citadas no exemplo acima, e mais tantas outras que existam, é o fato do SER Hu-mano ter essa capacidade (ou faculdade) de possuir a “Estrutura Profunda” que lhe permite a Linguagem. Para CHOMSKY e adeptos: “podemos distinguir (isolar, separar, olhar separadamente) a “Estrutura Profunda” e a “Superficial” de uma frase. A “PROFUNDA” é a “Estru-tura Subjacente” que determina (faz com que aconteça) a interpretação semântica; ou seja, a interpretação da relação entre os Signos (ou símbolos, ou palavras etc.). Também é a que permite ou propicia a interpre-tação da Realidade (Real) através dos símbolos (ou signos). Já a “Estrutura SUPERFICIAL” é a organização aparente, visível, perceptível, das unidades (ou palavras, pontuações, acentuações etc.); o que per-mite, ou determina, a interpretação FONETICA; isto é, o entendimento através dos SONS que as palavras simbolizam. Em sua obra “Lingüística Cartesiana”, CHOMSKY afirma que é desnecessário que ambas as Estruturas sejam idênticas. De fato, se cada qual se presta a uma utilidade diferente não há necessidade de serem similares, mas sim de que sejam com-plementares. Na seqüência discorreremos sobre o Estruturalismo como Doutrina: não poderia ser diferente, é claro, que esse modo de pensar considera a noção ou o conceito de Estrutura (o “esqueleto” que dá forma e sentido para tudo) como funda-mental, tanto como “Conceito Teórico”, quanto como “Método de estudo” em diversas Ciências, tais como: Antropologia, Lingüística, Psicologia etc. Como “Conceito Teórico”, conforme já se disse, refere-se às Idéias ou noções que se fazem de “Coisas Abstratas (ou ima-teriais)”, como o idioma, por exemplo. O idioma NÃO é, pois, um simples aglomerado de palavras, mas um conjunto que tem uma Estrutura (um arcabouço) que organiza seus diver-sos itens, ou Elementos, ou Palavras, dando-lhe uma Forma e um Sentido. Em termos de “Método para o Estudo” de áreas e ciências diversas, vê-se que é o estudo, a análise das Estruturas que formatam o Objeto de Estudo (o quê se está estudando). Anali-sando as Estruturas chega-se ao Entendimento mais amplo possível, pois se entende o porquê (o motivo) de tal Coisa, ou Situação ou Estado serem daquela forma e, também, permite prognósticos mais corretos. Tome-se, por exemplo, um caso estudado por uma psicóloga: se ela adentra ao mais intimo do paciente, à Estrutura de suas patologias, com mais acerto e propriedade seguirá o rumo certo para a cura do mesmo. Ou então, um Lingüista que estuda a Estrutura de certa língua e, por isso, saberá com maior exatidão o que a faz ser como é. Em resumo: O Método Estruturalista é aquele que não se limita a estudar a Superfície, mas o que avança até decifrar as Estruturas (ou o esqueleto) do que se está estudando. O Lingüista e criador do “MÉTODO ESTRUTURALISTA DE IN-VESTIGAÇAO CIENTIFICA”, FERDINAND de SAUSSURRE (1857/1913, Suíça) afirmou que observava na Linguagem “a predominância do Sistema sobre os Elementos” e que através da análise dos Elementos e de suas relações é possível compreender a Estrutura do próprio Sistema. A Lingüística, desse modo, teria como Objeto de Estudo (ou o quê se estuda) NÃO só a descrição empírica (que estuda os fenômenos usando os Sentidos: tato, paladar, audição, visão, olfato) do que os Sentidos conseguem captar. Também é seu Objeto de Estudo o “Sis-tema Abstrato (ou seja, que não é material, físico, concreto)” que formulou ou que forma as relações lingüísticas1; ou seja, o Sistema que permite aos Humanos “traduzir” para palavras, o que foi captado pelos Sentidos. E a relação das Palavras com aquilo que representam; isto é, com aqueles Objetos a que se referem. Outro sábio que utilizou o “Método Estruturalista para o Es-tudo, ou Investigação, Cientifica” foi o francês LÉVI STRAUSS (1912/2009), em suas pesquisas sobre Mitos e as Relações de Parentesco nas Sociedades “primitivas”. Para tanto, ele usou as Estruturas Sociais (uma taba indígena no Brasil, ou um Mercado na Índia, por exemplo) e utilizou Estruturas Materiais como Modelos a serem analisados e descritos, pois com isso poder-se-ia estabelecer o significado e o Sentido daquela Cultura. 1.E essa capacidade ou faculdade Humana de falar. A capacidade que seria a mesma para todas as pessoas, malgrado as diferenças culturas e nos idiomas.
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Re: Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético
Parabéns pelo belo texto.
Um abraço,
Roberto