RACISMO - Filosofia sem Mistério - Dicionário Sintéticoio
RACISMO – no século XIX as idéias Racistas ganharam impulso por conta de um efeito colateral funesto: com o endeusamento da Razão e do “Progresso das Ciências”, teorias sobre a “Comprovação Científica (sic)” de que tal raça seria superior às demais, proliferaram e aquilo que antes era um sentimento indefinido, tomou ares de “ciência” e graças a tais Pensamentos acirraram-se preconceitos e discriminações. Parte importante para esse estado de coisas foi a obra de GOBINEAU (Joseph Artur 1816/1882, França) intitulada “Ensaio Sobre a Desigualdade das Raças Humanas”, que foi um dos primeiros trabalhos sistemáticos sobre o assunto. Segundo o Pensador: “a mistura das Raças era inevitável e levaria a ‘Raça Humana’ a crescentes graus de degeneração física e intelectual.” Gobineau foi diplomata e tinha pretensões artísticas. Na sua primeira função trabalhou no Brasil, cujo futuro lhe parecia catastrófico em decorrência da miscigenação, da qual resultaria uma população de “mestiços e pardos”, os quais, além do déficit intelectual e físico seriam estéreis. A solução, a seu ver, seria a imigração maciça de “raças superiores, ou européias”. Mas o gajo se esqueceu de explicar o porquê que tais raças “Superiores” não conseguiam prosperar em sua própria terra, necessitando sujeitar-se aos “desconfortos do 3º Mundo”. Em relação às suas pretensões artísticas ficou-lhe a “glória” pelo livro racista e o crédito que lhe é dado como sendo o autor da seguinte expressão: “não creio que viemos dos macacos, mas creio que vamos nessa direção”. Julgar-lhe pelos padrões atuais seria incorrer em outro erro, pois em sua época a questão era tratada como se de fato tivesse efetivo amparo cientifico. Gobineau escreveu de acordo com seu tempo; e não foi o único. Após o seu “Ensaio”, várias outras Correntes fizeram apologia das “Raças Superiores”, como a de MALTHUS que previa fome geral em razão da proliferação de “raças inferiores”, ou a de SPENCER que criou um “Darwinismo Social”, elegendo como sobreviventes os indivíduos das “raças superiores”. Outra que merece destaque, tanto por sua abrangência quanto por sua influência, é a TEOSOFIA, sistematizada por Madame BLAVATSKY (Helena, 1831/1891, atual Ucrânia), que agrupava idéias do antigo Orfismo* (reencarnações, poderes paranormais etc.) com a ideologia que dividia a História Humana em períodos de maior ou menor desenvolvimento, segundo a eugenia: isto é, a depuração racial. Foi enorme sua influência e ainda hoje é muito respeitada, principalmente porque alguns erros de interpretação foram sanados e todas as suas finalidades passaram a ser dirigidas para o bem estar do Homem, independente de qual etnia ele seja. Para alguns eruditos, a Teosofia foi uma das colunas em que se assentou a ideologia Nazista, que leva o triste epíteto de ter sido o ideário Racista mais radical de todos os tempos; chegando, como se sabe, ao extremo da xenofobia (ódio aos estrangeiros, aos diferentes) com os massacres de civis e o genocídio de homossexuais, deficientes, ciganos e judeus. Porém, o triste episódio proporcionado pelos Nazistas não foi único e se repetiu em várias outras ocasiões, como, por exemplo, na África do Sul com o Regime de Apartheid, ou com Racismo legalizado que vigorou nos EUA até meados da década de 1960, ou com os massacres em guerras africanas (de hutus) e européias (nos Bálcãs) e tantos outros exemplos. Atualmente o Racismo sobrevive explicitamente em alguns grupos e tacitamente em quase todas as Sociedades. Porém, houve um avanço significativo nesse assunto: a criminalização dessa prática; a qual, no Brasil, por exemplo, prevê prisão inafiançável, pois o Racismo é visto como “crime hediondo” e apenado como tal. Em termos científicos e biológicos há consenso que o próprio conceito de “Raça” não tem sentido. Existe, segundo os estudiosos, a “Espécie Humana” e as diferenças entre os indivíduos que a compõe são motivadas pelos habitat em que vivem, sem que haja qualquer superioridade ou inferioridade nas capacitações de cada grupo étnico. Em termos filosóficos e antropológicos é possível pensar que a “Causa ou o Motivo” primordial do Racismo vincula-se à estrutura da Sociedade antiga. Os primeiros agrupamentos teriam que ser o mais coeso possível para conseguir rechaçar os ataques das forças da Natureza e dos outros grupos. Essa interdependência entre semelhantes solidificou a idéia que o estrangeiro, o diferente era um inimigo a ser combatido; e prováveis casamentos endogâmicos reforçaram características genéticas as quais, posteriormente, foram associadas àquela “raça”. Por fim é importante salientar que o Racismo foi o principal motivador de alguns dos crimes mais horrendos que houveram. Tanto pela brutalidade, quanto pela abrangência. Evitar a repetição dos mesmos será, talvez, a prova definitiva de que o Homem conseguiu avançar em sua marcha.
Submited by
Prosas :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 5045 reads
other contents of fabiovillela
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Prosas/Otros | Voltaire e o Iluminismo francês - Parte V - Cândido (o Otimismo) | 0 | 5.798 | 09/20/2014 - 22:37 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Poema do amor exagerado | 0 | 3.356 | 09/18/2014 - 02:20 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Voltaire e o Iluminismo francês - Parte IV - Ensaio sobre os Costumes | 0 | 5.397 | 09/15/2014 - 15:15 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Reflexos | 0 | 1.487 | 09/14/2014 - 16:56 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Voltaire e o Iluminismo francês - Parte III - Carta sobre os Ingleses | 0 | 5.902 | 09/12/2014 - 15:58 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Amanhecer | 0 | 3.673 | 09/11/2014 - 01:30 | Portuguese | |
Poesia/General | O Passarinho | 0 | 2.004 | 09/09/2014 - 23:16 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Areia | 0 | 3.174 | 09/08/2014 - 14:30 | Portuguese | |
![]() |
Fotos/Arte | Filósofos Modernos e Contemporâneos (Pré Lançamento) | 0 | 11.454 | 09/07/2014 - 16:54 | Portuguese |
Poesia/General | O Dia da Independência - 7 de Setembro (republicado) | 1 | 4.160 | 09/07/2014 - 15:11 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Voltaire e o Iluminismo Francês - Parte II - as Obras | 0 | 5.577 | 09/06/2014 - 16:35 | Portuguese | |
![]() |
Fotos/Arte | Adaptação de OS LUSÍADAS ao Português atual | 0 | 7.292 | 09/06/2014 - 01:46 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Arte | Deusas e Deuses Hindus - Resumo Sintético | 0 | 7.943 | 09/05/2014 - 00:19 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Arte | Livro Solo - Onomástico das Personagens e Lugares Bíblicos | 0 | 6.971 | 09/05/2014 - 00:06 | Portuguese |
Poesia/Amor | O Verso | 0 | 2.720 | 09/02/2014 - 23:08 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Voltaire e o Iluminismo francês - Parte I - Preâmbulo e notas biográficas | 0 | 10.705 | 09/01/2014 - 21:09 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Odisseia | 0 | 3.121 | 08/30/2014 - 21:06 | Portuguese | |
Poesia/General | Basta-me | 0 | 3.348 | 08/29/2014 - 23:41 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Spinoza e o Panteísmo - Parte XIV - Considerações Finais | 0 | 4.692 | 08/28/2014 - 22:53 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Spinoza e o Panteísmo - Parte XIII - O Contrato Social | 0 | 5.464 | 08/28/2014 - 19:22 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Spinoza e o Panteísmo - Parte XIII - O Tratado Politico | 0 | 4.185 | 08/26/2014 - 16:45 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Menino de Rua | 1 | 2.609 | 08/26/2014 - 03:39 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Mestre Vitalino | 0 | 3.685 | 08/25/2014 - 23:10 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Spinoza e o Panteísmo - Parte XII - A Imortalidade e a Religião | 0 | 3.664 | 08/22/2014 - 15:41 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Spinoza e o Panteísmo - Parte XII - A Imortalidade e a Religião | 0 | 6.723 | 08/22/2014 - 15:41 | Portuguese |
Add comment