“Até ao tempo de te encontrar”

Chamo-te louca e desenho o teu vento,
Para agitar a loucura no meu coração…
Então, os meus silêncios esperam o teu olhar;
Viram-se a todos os brilhos, esperando,
Também neles te encontrar…
Encontramo-nos nesse lugar;
Como duas correntes de ar,
Que, os olhos não podem tocar,
Ou apagar;
Na mágnifícidade, desse fulgor...
Deste, que o teu corpo não conhece;
Aprendendo com o meu...
Aquele que ensina e faz o homem chorar…
Êxtase desse fogo, que lhe apaga os poros na pele…
- Foi esse!
Que meu corpo ensinou ao silêncio da tua ausência:
O único que permaneceu em mim;
Nos escuros das carícias sugadas,
Estonteantes;
De um contorno que não precisa comer, beber, ou respirar:
Deixando apenas, que o vácuo do seu beijo me conduza por todo o teu corpo;
Ao horizonte:
O lugar onde tu moras...
Até cair sem ajuda,
Na espera desmoronada de todas as noites cruas;
Procurando por ti no escuro da estrela que não quer brilhar;
Chego-me a ti por todas as portas;
Onde teu silêncio desperta vertigens desconhecidas:
Nas mais secretas noites caminhadas pelos meus pés...
Sentindo que me chamas
Do universo (dentro de mim) dissolvendo-te
Numa felicidade quente, imensa, do seu ventre;
Nas minhas procuras
– Aonde os dentes mordem o teu pescoço
Inventado por um vento exacto…
Humanidade, pois que procuro por ti;
Em todas as formas, que a ti me podem levar;
Para poder observar o que sobra de ti,
Dentro de mim,
Sem nome, ou rosto que se possa apontar;
Beijar teu vento e cair dentro de ti;
Como o faz o tempo,
A todo o momento,
Ardiloso: Para te comer; como a mim:
Prescindindo das palavras para te perder…
Artista secreta do meu sonho,
De asas inventadas ao sono da tua morada;
Das tuas conversas sem o movimento dos lábios,
Ocupados;
Por todas as palavras que não conheço:
Padeço...
– Então:
Porque não perguntas ao silêncio:
De nós...
- Os sonhos sempre estão aonde não os sabemos encontrar…

Procuro-te nos meus passos:
Compridos, para te alcançar...
Varoa de pedra esculpida;
Lapidada pelo meu olhar;
Que escorre a lágrima, num adeus,
Uma despedida,
Até ao tempo de te encontrar.

Submited by

Viernes, Septiembre 24, 2010 - 18:49

Prosas :

Sin votos aún

antonioduarte

Imagen de antonioduarte
Desconectado
Título: Moderador Poesia
Last seen: Hace 34 semanas 2 días
Integró: 01/09/2010
Posts:
Points: 2570

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of antonioduarte

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Prosas/Drama “Posso assinar a loucura” 0 3.544 12/20/2010 - 01:38 Portuguese
Poesia/Soneto “Outra melodia” 2 2.245 12/18/2010 - 04:17 Portuguese
Poesia/Poetrix "Onde o primeiro se torna no último" 0 2.037 12/18/2010 - 03:56 Portuguese
Poesia/Intervención “Venérea Lusitana” 0 2.255 12/18/2010 - 03:01 Portuguese
Poesia/Soneto “Que o mar” 0 2.638 12/18/2010 - 02:50 Portuguese
Poesia/Intervención “Socrática” 0 2.802 12/18/2010 - 02:43 Portuguese
Poesia/Soneto “Caminhando sobre o futuro” 0 2.804 12/18/2010 - 02:34 Portuguese
Poesia/Poetrix “Despido de ti” 0 2.373 12/18/2010 - 02:28 Portuguese
Poesia/General “Manuseados” 0 1.374 12/18/2010 - 02:15 Portuguese
Poesia/Soneto “Vento que se farte” 0 3.612 12/18/2010 - 02:07 Portuguese
Poesia/Aforismo “Agasalhos aldrabados” 0 1.109 12/18/2010 - 02:01 Portuguese
Poesia/Soneto “Venham também” 0 2.138 12/18/2010 - 01:50 Portuguese
Poesia/General “Mágoa de rio torto” 0 1.513 12/18/2010 - 01:42 Portuguese
Poesia/General “Amante de lama” 0 2.076 12/17/2010 - 03:52 Portuguese
Poesia/Pasión “Recado” 0 2.664 12/17/2010 - 03:46 Portuguese
Poesia/Soneto “Sopro de tempo” 0 3.128 12/17/2010 - 03:39 Portuguese
Poesia/Aforismo “Efeito impreciso” 0 2.932 12/17/2010 - 03:28 Portuguese
Poesia/General “Onde as brumas querem desaguar” 0 3.487 12/17/2010 - 03:22 Portuguese
Poesia/General “Mar em frente” 0 1.679 12/17/2010 - 03:12 Portuguese
Poesia/General “Endiabrando” 0 2.928 12/17/2010 - 03:02 Portuguese
Poesia/Desilusión “Lorpa” 0 3.567 12/17/2010 - 02:47 Portuguese
Poesia/Poetrix “Cristalina” 0 3.028 12/17/2010 - 02:35 Portuguese
Fotos/Perfil eu 0 2.713 11/24/2010 - 00:51 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo “ Fogo... Òh, Que Fogo” 0 6.183 11/19/2010 - 19:30 Portuguese
Ministério da Poesia/Soneto “Sombra de Nada” 0 2.951 11/19/2010 - 19:30 Portuguese