SEPULTO O TÉDIO

Piso o meu rosto
com as notas desafinadas
de um piano feito de mel,
que apenas os meus sentidos
mudos se atrevem a escutar o cheiro,
deste sobe e desce no poço das certezas.

Limo as versões
amargas dos meus lábios
com a geleia dos meus instintos,
fazendo-me rodopiar num vórtice
que estoqueia a minha mente martelada
por barulhos sem punho para levantar a moral
de um exército derrotado no suor dos meus pés.

Exibo-me
numa montra
do que não sou paralelo
aos sítios onde não quero chegar,
desmistificando a libertação dos sentidos
sobre um altar de carne onde vagueia a minha alma.

Faço-me castigos
substituindo as nuvens
que escondem a estrela da sorte,
ao largo silvestre das minhas palmas,
por raios de sol assentes em solas de orelhas moucas,
influenciando frases embirrantes que julgam me calar.

Sepulto o tédio
numa janela de açúcar,
derretido pelo fascínio dos meus assédios,
servindo-me um manual de instruções de gestos
que apontam para as cordas de um sino sem badale,
ao cimo de uma torre construída de vidro inquebrável.

Sou diálogo
noctívago das corujas
agoirentas como quem arranca
um dente a sangue frio num salto de mentiras,
que me assaltam por cima das farpas da solidão acidentada.

Talvez ficarei sozinho,
sem mim para não mais me deixar
sem pressa de me restaurar tardiamente
nos carris em brasa que guiam a minha carruagem
de promessas virtuosas numa avenida de peripécias,
que são fortuna no cultivar sementes pelas minhas personalidades.

Submited by

Domingo, Marzo 29, 2009 - 12:02

Poesia :

Sin votos aún

Henrique

Imagen de Henrique
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 9 años 5 semanas
Integró: 03/07/2008
Posts:
Points: 34815

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Henrique

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Pensamientos DA POESIA 1 7.809 05/26/2020 - 22:50 Portuguese
Videos/Otros Já viram o Pedro abrunhosa sem óculos? Pois ora aqui o têm. 1 43.123 06/11/2019 - 08:39 Portuguese
Poesia/Tristeza TEUS OLHOS SÃO NADA 1 3.862 03/06/2018 - 20:51 Portuguese
Poesia/Pensamientos ONDE O INFINITO SEJA O PRINCÍPIO 4 4.481 02/28/2018 - 16:42 Portuguese
Poesia/Pensamientos APALPOS INTERMITENTES 0 4.274 02/10/2015 - 21:50 Portuguese
Poesia/Aforismo AQUILO QUE O JUÍZO É 0 4.817 02/03/2015 - 19:08 Portuguese
Poesia/Pensamientos ISENTO DE AMAR 0 6.354 02/02/2015 - 20:08 Portuguese
Poesia/Amor LUME MAIS DO QUE ACESO 0 5.605 02/01/2015 - 21:51 Portuguese
Poesia/Pensamientos PELO TEMPO 0 4.276 01/31/2015 - 20:34 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO AMOR 0 4.049 01/30/2015 - 20:48 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SENTIMENTO 0 4.550 01/29/2015 - 21:55 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO PENSAMENTO 0 4.291 01/29/2015 - 18:53 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SONHO 0 3.771 01/29/2015 - 00:04 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SILÊNCIO 0 5.102 01/28/2015 - 23:36 Portuguese
Poesia/Pensamientos DA CALMA 0 4.969 01/28/2015 - 20:27 Portuguese
Poesia/Pensamientos REPASTO DE ESQUECIMENTO 0 3.944 01/27/2015 - 21:48 Portuguese
Poesia/Pensamientos MORRER QUE POR DENTRO DA PELE VIVE 0 4.136 01/27/2015 - 15:59 Portuguese
Poesia/Aforismo NENHUMA MULTIDÃO O SERÁ 0 3.708 01/26/2015 - 19:44 Portuguese
Poesia/Pensamientos SILENCIOSA SOMBRA DE SOLIDÃO 0 4.665 01/25/2015 - 21:36 Portuguese
Poesia/Pensamientos MIGALHAS DE SAUDADE 0 3.550 01/22/2015 - 21:32 Portuguese
Poesia/Pensamientos ONDE O AMOR SEMEIA E COLHE A SOLIDÃO 0 3.401 01/21/2015 - 17:00 Portuguese
Poesia/Pensamientos PALAVRAS À LUPA 0 4.657 01/20/2015 - 18:38 Portuguese
Poesia/Pensamientos MADRESSILVA 0 3.462 01/19/2015 - 20:07 Portuguese
Poesia/Pensamientos NA SOLIDÃO 0 4.032 01/17/2015 - 22:32 Portuguese
Poesia/Pensamientos LÁPIS DE SER 0 4.122 01/16/2015 - 19:47 Portuguese