INFINITOS BIFURCADOS


Sinto-me tão longe, tão pouco.

Aqui o tempo é uma colina
de ombros largos onde tudo cabe,
onde tudo são lábios de beijo enamorado.

As sombras,
são sobrancelhas de um lápis
que me escreve na pele sabedoria.

O espaço que me rodeia
é um caldeirão de chás que me aquece a voz.

Então falo flores
que me desatam os nós da boca,
falo a primavera quando a palavra certa tarda.

Grito as fragrâncias
que me sufocam o suspiro,
grito as soleiras que meus olhos não galgavam,
cheguei à loucura.

Este é um sítio
de manhãs que são um barco à vela
pelos canais do pensamento.

O vento que as sopra
é uma aragem donzela
de meias-noites badaladas em doze luas,
cada lua é um desejo, cada luar uma janela.

É dessas janelas
que me sinto tão longe, que não sou nada.

Rumo para infinitos bifurcados
entre o céu azul e o ouro do meu sonho,
abotoo meu diário de tudo.

Os rios são papoilas,
um rubor desde os pés da montanha
até às têmporas do mar onde sou tudo.

As árvores são madeixas num pomar
de palavras que são auroras boreais
descrevendo o melhor caminho.

Aqui o sol
é as pestanas de um fogo
que me sussurra à alma os troncos
de uma distância por arder nas minhas pernas,
mesmo assim sinto-me tão longe, tão pouco.

Sentir que aqui cheguei,
é um lume débil na lareira do meu corpo,
quero sentir-me muito, sentir-me louco.

Se querer mais é um inferno,
então meu corpo é um Diabo.

O serão
é um colo neutro
onde pouso as mãos
sem que ninguém saiba onde estou,
pouco sei de onde estou.

Aqui o amor
é um morcego adormecido
nas cavernas do meu pulso.

A poesia
é paisagem incendiada de murmúrios
que me rosam as faces de emoção,
aqui o coração não bate, estronda.

As palavras são chocolate quente
na escuridão de um inverno nevado solidão.

A noite é um fio
de sentidos verdadeiros
que me faz pairar sobre soalhos
encerados de modéstia.

O dia é um retrato
de olhos aios sobre falésias
onde o sono é uma lágrima de alegria.

Sinto-me tão longe,
cheguei à loucura sem que ficasse louco.
 

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Domingo, Diciembre 19, 2010 - 20:11

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Henrique

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"Os rios são papoilas, um

"Os rios são papoilas,
um rubor desde os pés da montanha
até às têmporas do mar onde sou tudo.

As árvores são madeixas num pomar
de palavras que são auroras boreais
descrevendo o melhor caminho.

Aqui o sol
é as pestanas de um fogo
que me sussurra à alma os troncos
de uma distância por arder nas minhas pernas,
mesmo assim sinto-me tão longe, tão pouco.

Sentir que aqui cheguei,
é um lume débil na lareira do meu corpo,
quero sentir-me muito, sentir-me louco"

A grande vonatade de ser inteiro ...
Muito bom te ler !!!
Beijos
Susan

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