Diablo - Capitulo 2 ( parte 3/3)

Porto Seguro - México- Bairro suburbano de Los Caídos - 1995... 11H00 manhã

Como caída de um alto edificio, Sarah despertava entre gemidos de dor. Era a sua primeira "viagem" intemporal e parecia-lhe que todo o sangue do seu corpo fervia-lhe nas veias, algo próximo como uma combustão interna.
A chuva que paulatinamente ia caindo ia a arrefecendo e muito lentamente ela fazia um esforço para se levantar.
Por entre as densas nuvens carregadas, os timidos raios de sol, iam espreitando, como se de uma curiosidade transcendental se tratasse, o aspecto citadino de Porto seguro, no entanto parecia alheada a isto, pois ela tinha uma missão e tinha que rápidamente procurar o trilho do Principe Negro, antes que a própria sobrevivência da Humanidade estivesse em causa.
Irónicamente sentia-se feliz pela atribuição da missão a si. Como mulher guerreira era temida, mas como guardiã da Paz do lado Sagrado, a sua competência era constantemente indagada e colocada em causa.Nascera num Mundo de homens anjo, o que para uma criatura como ela não erta fácil. Enquanto os jovens da sua idade tratavam de questões tacticas, de batalhas e de enredos de futuras batalhas contra o lado negro, ela treinava sozinha, nos montes sagrados. especializara no ataque furtivo, no jogo de armas brancas até estar pronta para a grande Jadah, a espada da Luz. A espada da verdade.Só os verdadeiros anjos a poderiam usar, só as verdadeiras almas brancas as conseguiriam manusear.
Nos suburbios de Imoraland. perto do palácio do Reino Sagrado, ia treinando á parte dos outros quando inequivocamente o seu momento chegou.Enquanto todos os guerreiros do palácio centravam forças a norte do palácio contra as Hostes negras, outros guerreiros inimigos, separaram-se do contigente em batalha e rumaram furtivamente ao palácio, com o intuito de aniquilar o rei Zequiel.Avistando os inimigos enquanto treinava e vendo que os guardas do Palácio estavam distraidos, Sarah avançou obstinadamente, aniquilando os assasinos do Principe Negro.Foi a partir desse dia e como agradecimento que o rei a tornou guerreira sagrada.Hoje, num planeta diferente, num mundo diferente, num Planeta diferente ela enfrentava a maior de todas as suas missões. Matando o Principe Negro, não só anularia qualquer forma de recrutamento de humanos para o lado negro, como eliminava para sempre um opositor terrivel.
Sarah ergueu-se paulatimanete, afastando os caracois loiros dos ombros e acariciando secretamente a espoada nas suas costas.De seguida, verificou a box de transmutação oral, que lhe permitia selecionar uma das três mil linguas diferentes de vários Universos e num gesto rápido, embutiu o chip na garganta.Com um sorriso timido, aspirou o ar da rua e dirigiu-se para a principal artéria da cidade, rezando para que o imenso sobretudo que trazia, ocultasse o formato da espada nas suas costas.Outrora os seus ancestrais já haviam caminhado nestas mesmas terras, aprendendo os costumnes e interagindo com o povo indígena , mas o resultado fora desastroso pelo que secretamente ela temia os Humanos.Sem procurar causar qualquer tipo de alarido, ou dar nas vistas, sarah caminhava nervosamente por entre a multidão que a circundava, tentando ampliar a audição e estar atenta aos vários comentários ou fragmentos de conversas que conseguia apurar.O primeiro contacto com a lingua provocava-lhe dores de cabeça.
Os Humanos falavam rápidamente e com a particularidade estranha dos seus braços acompanharem as narrativas. Pareceu-lhe nesse primeiro instante, que eram ainda bastante primitivos. E se de facto o eram, então significava que seriam alvo fácil da tentação do Principe Negro.
Porque seria que o lado obscuro, o inexplicável ou a força negra exercia tanta curiosidade e motivação nestes seres?
Depois de caminhar durante mais de meia hora apercebeu-se que houvera um erro de cálculo na sua chegada. Sentia a tensão negra no ar e apercebera-se que chegara tarde. O principe Negro já aqui estava! Como poderia ela seguir o seu rasto num Mundo diferente?Afastando-se o mais que pode do rebuliço da cidade, Sarah caminhou até às imediações do cemitério central de Los Caídos, e aí sentou-se de pernas cruzadas, tentando abstrair-se dos sons citadinos, do sonm dos pássaros, do som das pessoas. do som da chuva, até se concentrar unicamente no fluxo da sua respiração.Como um radar mental, examinou a proximidade em busca da aura negra. Em Imoraland, no seu reino natal, ela conseguia facilmente aperceber-se da aura. Como que transmitia uma nuvem, só visível aos olhos de anjo em transe. Sentindo-se em paz e em sintonia com o novo ambiente, abriu os olhos e procurou a aura ou um espectro.
Num grito de horror, viu dançarem diante dos seus olhos, várias e várias aureas negras, numa dança infernal. como que a desafiando, como que a chocando. Horrorizada a anja guerreira, levantou-se assustada, quebrando o vínculo de transe em que permanecera e levando desesperadamente as mãos á cabeça, murmurou:
-Por Zequiel, há mais maldade aqui que no reino negro. Como posso sozinha, encontrar o Principe entre tanta maldade?
Sem se dar conta, finas lágrimas brilhavam como cristal, na sua frace branca e desalentada , abandonou o seu local de retiro, dirigindo-se até á rua transversal mais próxima e como que despertando de um sonho, examinava atentamente, desta vez mais assustada ainda os rostos de quem passava.
A poucos metros dali, algo lhe chamou a atenção. De mãos nos bolsos das calças e tentanto evitarchamar as atenções, aproximou-se da fachada cinzenta e parcialmente carbonizada de um Bar e deixou-se ficar a ouvir os comentários de quem observava:
-Um incêndio assim, já se esperava. Este bar era um antro de bêbados. - Comentava uma senhora de idade.
-Mas viu os corpos queimados? Não foi um mero incêndio!
-Claro que foi. Algum bêbado se descuidou.
-Não. O señor Villadas diz que viu um sujeito alto, mal encarado a abndonar o bar pouco antes do incêndio.
-Ah sim? Esse velho tem a mania de inventar histórias.
-Não me parece. Segundo o que percebi, era um Gringo, não alguem daqui.
-Como se não houvesse estranhos em Los Caídos...Bah!
-Bom, seja como for, um fulano da policia até vomitou a ver a cena.
-desgraça!
A descrição do sujeito alimentou as secretas esperanças de sarah, que vendo um café perto achou por bem, "estacionar" momentaneamente por ali, até conseguir saber mais.
Por outro lado, teria de arranjar um meio de conseguir ligar o cristal e contactar Imoraland. Iria pedir reforços!
Mas este Mundo, e em particular esta cidade estavam já condenados!