Violência Doméstica

Você é apenas frangalho de pensamentos
Largados sobre um corpo inútil.
Você acéfalo, membrana rompida de um dialeto
Qual já não entendo mais.
Agora, brigamos na melancolia das horas
Na política dos pensamentos
Qual já não seguimos mais.
Deus deu asas pra quem não sabe voar!
Deus, filho de uma senhora ingênua
Coitada, serena, mal podia entender...
Jovem destituída, desvirginada, possuída,
ou diria,
Abduzida por um ser celeste.
Mal compreendida, seu nome usado, desfigurada
Agora eu, aqui,
peço que pelo amor que tens a esta mãe compadecida,
amada Maria não voltes a crer,
Que um dia você conseguiu usar sua caixa cinzenta, com telhas de zinco
Para poder dizer,
Que sou a favor das dores do mundo,
Você disse, seu ser imundo, sem chão nem teto
Quase que abortando de si um feto
Uma coisa parida, um pensamento defecado
Como você pode ter um dia pensado,
Isto de mim?
Agora aqui, despida em dores, agarrada a um copo de horrores
Minha vida já não tem mais razão...
Se para ti não consigo mais expandir,
Sentimentos que aqui dentro deixo abrir
Com quem irei libertar...
Aquele grito de dor preso na garganta
Aquele amor, sofrer, alma santa,
Como poderei revelar,
Tanto as dores do mundo, que você clamou, absurdo
As chagas da vida prostrarão à teus pés
O que sussurro aos teus ouvidos hoje,
Amanhã ecoará a ti como um ronco surdo.
Tarde demais.
Sofrerás.