Estado de nu (José Saramago)

Essa linha que nasce nos teus ombros,

Que se prolonga em braço, depois mão,

Esses círculos tangentes, geminados,

Cujo centro em cones se resolve,

Agudamente erguidos para os lábios

Que dos teus se desprenderam, ansiosos.

 

Essas duas parábolas que te apertam

No quebrar onduloso da cintura,

As calipígias ciclóides sobrepostas

Ao risco das colunas invertidas:

Tépidas coxas de linhas envolventes,

Contornada espiral que não se extingue.

 

Essa curva quase nada que desenha

No teu ventre um arco repousado,

Esse triângulo de treva cintilante,

Caminho e selo da porta do teu corpo,

Onde o estudo de nu que vou fazendo

Se transforma no quadro terminado.

 

José Saramago, poeta e escritor português.

Submited by

Martes, Mayo 17, 2011 - 02:34

Poesia :

Sin votos aún

AjAraujo

Imagen de AjAraujo
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 7 años 9 semanas
Integró: 10/29/2009
Posts:
Points: 15584

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of AjAraujo

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Dedicada Auto de Natal 2 5.013 12/16/2009 - 03:43 Portuguese
Poesia/Meditación Natal: A paz do Menino Deus! 2 6.643 12/13/2009 - 12:32 Portuguese
Poesia/Aforismo Uma crônica de Natal 3 5.267 11/26/2009 - 04:00 Portuguese
Poesia/Dedicada Natal: uma prece 1 4.124 11/24/2009 - 12:28 Portuguese
Poesia/Dedicada Arcas de Natal 3 6.999 11/20/2009 - 04:02 Portuguese
Poesia/Meditación Queria apenas falar de um Natal... 3 7.898 11/15/2009 - 21:54 Portuguese