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Canção para Bia

fora nas tardes onde os seus olhos
me fitavam cansados que descobri a sensação simples
que nos causa o amor verdadeiro.
uma leveza tímida me tomava coração adentro
e perscrutava,com o meu desejo de ver elegias campesinas em tudo,
a complacencia dos seus gestos tão tímidos quanto os meus.
e éramos assim,um casal feliz,distante de tudo
e orbitando tão somente pela rota de nossa felicidade.
quando em vez era um sorvete,só um mesmo,a nos acompanhar.
voce,com um dos braços entrecuzado com um dos meus,
falava baixinho,causando cócegas no meu ouvido,"me dá um pouco".
achava essa frase curta tão singela que,após ouvi-la,
a certeza de que voce era a mulher com quem queria
passar o resto dos meus dias,enchia-me de tanta felicidade,
mas de tanta felicidade que,de tão feliz,um dia tive de
ver voce indo embora.

...É por isso,Bia,por causa de voce,
que hoje não mais canto o amor como quem rega uma planta
achando que essa possua um verdejar para enternidade.
O amor morre tanto quanto as plantas e as pessoas,
e devemos nos amar assim,em despedida,tirando dos bolsos
das nossas calças e blusas o lenço branco
para acenarmos em adeus.

Tudo quanto possamos sentir é um barco que vai longe,
expurgando pela alta chaminé centralizada no seu meio
uma fumaça cinza que se dispersa no azul do céu
que lembra um dia de viagem.

O nosso amor,como tudo,são aquelas pessoas
fixadas no cais da cidade que ficara a algumas milhas
do vapor de quem parte e todos os gestos longos de despedida
dos que tentam alcançar com a vista marejante os
que vão indo embora.
O amor nada mais é que isso,Bia.

Abracemo-nos,abracemo-nos pois nada passa tão ligeiramente
quanto as horas desse relógio velho que me fora dado
como herença pelo meu querido avo.tão bom ele era,
e sempre me falava que também tivera a minha idade
e me contava sobre as suas tantas raparigas em flor
que,hoje,estão tão bem mortas e enterradas quanto ele.

Sentir prazer é uma dádiva,contudo de nada ele nos serve,
não serve pois pra nada serve e vai junto no caixão
onde colocam o nosso corpo sem vida entornado numa mortalha.

Amemo-nos Bia,soberbamente de modo que possamos contrariar
a igreja que nos põe rédeas.Não desejemos aliança
pois nenhuma aliança é tão firme a ponto de não se quebrar
ante a certeza do falecimento.
Sejamos realistas e nos beijemos,beijemo-nos pois,não tardando,
virá esse divórcio indesejado com a vida,
esse partir-se para não sei onde que me faz cantar
com as lágrimas e as flores de um velório,
tudo isso ardendo em chamas nos dedos
e pulsando agonicamente dentro da alma
- se é que temos uma.

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segunda-feira, fevereiro 8, 2010 - 06:20

Ministério da Poesia :

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joaopaulo19

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