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Baptismo de Amor

Baptismo de Amor

I

É noite ríspida, escura:
Ao longe triste murmura
Nas serranias o vento;
Vago e fúnebre lamento
Rumoreha na amplidão...
As praças todas desertas,
Perpassam visões incertas
Da noite, na escuridão.

Esquecidos de cuidados,
Dormem todos sossegados
Em seus leitos; mas ai! quantos
Que vêm enxugar os prantos
Nas trevas, sem ninguém ver!
Quanta gente sem abrigo
Vem agora, a sós consigo
A mágoa negra esconder!

Oh! quantos, quantos mistérios
Voam perdidos, aéreos,
Entre as sombras! quantos peitos
Que não estalam desfeitos
Pela dor! quantos mortais
Que por aí morrem, que lutam,
Quantos gemidos se escutam,
Quantas vozes, quantos ais!

Eu amo a noite sombria;
Amo as trevas mais que o dia,
Pois consolam na tristeza,
E dão alívio e firmeza
A quem se acolhe no seu manto.
Ó sombras da noite escura,
Dai-me estrofes de amargura!
Ó noite, inspira meu canto.

--------------------------------------------------------------------------------

II

Quem geme e soluça nas sombras da noite?
Quem é este vulto? Perdida criança,
Que vaga na rua sem ter quem a acoite;
Com cantos espalha da mágoa a lembrança:

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

"E demais, que custa a morte?
O que é que custa morrer,
Não havendo um laço forte
Para ao mundo nos prender?!

E eu não deixo nem amante
Que me possa prantear,
Nem peito amigo constante
Para de mim se lembrar.

Eu não tenho quem deplore
A minha morte, ninguém;
Não tenho pai que me chore,
Tão-pouco não tenho mãe.

E depois, que importa ao mundo,
O ser que morre, que vai?
É gota do mar profundo,
E no ar perdido um ai.

Que importa que a flor sucumba?
Que importa a nuvem dos céus?
Quem importa mais uma tumba
Aberta nos escarcéus?!

Espero anelante, ansioso,
Que a hora dê nos espaços;
Oh! como irei ditoso
De minha mãe entre os braços!"

--------------------------------------------------------------------------------

III

Pobre criança, dicagava incerta
Todas as noites pelas ermas praças,
E chorando cantava;
Não encontrara uma só porta aberta,
Quando a tormenta, retumbando ameaças,
A face lhe açoitava.

Não posso ver chorar uma criança;
Mais me pesa não vendo seio amigo
Que lhe enxugue seu pranto.
É triste numa idade toda esp'rança
Não ter nem pai, nem mãe, um só abrigo...
Ai! custa, custa tanto!...

Entre as turbas perdia-se de dia,
Das multidões ouvindo as negras vaias;
Das migalhas que achava se nutria...
Grão de areia que omar arroja às praias.

--------------------------------------------------------------------------------

IV

E foi assim crescendo à chuva, ao vento,
E na onda feroz atropelado;
Uma pedra por leito, e o firmamento
Na procela é seu único telhado.

Se o visse alguém bem pobre o julgaria...
Pois ao pé dele os Cresos não são nada;
Por todo o oiro que há não trocaria
Do seu palácio esplêndido uma arcada.

A cúpula é o azul do espaço imenso,
Por colunas montanhas; e flutua
No topo do salão, a arder suspenso,
Um lustre gigantesco - o Sol e a Lua!

Tapetes são as selvas variegadas,
Poltronas são mil montes de granito,
Por espelhos as águas prateadas,
Por música o concerto do infinito!

E mais mundos a mente lhe descobre,
Se aos páramos do Céu a vista lança;
Dos bens da Terra ninguém foi mais pobre,
Ninguém mais rico de ilusões, d'esp'rança.

--------------------------------------------------------------------------------

V

Chegara a essa idade das quimeras,
Dos sonhos, dos enlevos os mais ternos;
Contava dezanove primaveras,
Melhor diria dezanove invernos.

Mas que garbo! era mesmo um gosto vê-lo!
Que esplêndida cabeça e fronte altiva!
Caía-lhe em anéis loiro cabelo,
Nos olhos meiga chama lhe deriva.

Mas sentia que ainda na existência
Outra coisa mais bela lhe faltava,
Aroma vaporoso, ignota essência...
Era assim que o seu peito lhe falava:

"Não sei o que é que tenho... eu desconheço
Esta tristeza que me inunda a alma;
O riso nos meus lábios ninguém vê...
Não sei que dor me verga como um vime.

Se os outros vejo alegres, descuidados,
Ainda mais me aflige essa alegria:
Eu amo mais a noite do que o dia,
A noite, que consola os desgraçados.

Se, quando o Sol se esconde no horizonte,
Do rio à margem eu me vou sentar,
Fico ali sem saber, pendida a fronte,
Horas e horas em febril cismar.

E medito, medito e não diviso
Um remédio p'ra a alma entristecida!
Uma só coisa pode dar-me vida...
Talvez o amor... o amor é que eu preciso!"

--------------------------------------------------------------------------------

VI

E assim passara a vida; mas um dia
Subitâneo clarão rasgou-lhe as trevas;
Um rosto de mulher disse-lhe n'alma:
"Faça-se a luz" e a luz brotou esplêndida!
Incendiou-se aquela natureza
Ao chegar-lhe de amor viva centelha;
Como as chamas depressa lavrariam!
Vede-o de noite, à beira-mar sentado,
Poeta do coração, dizendo às ondas
Os segredos ardentes do seu peito:

"Como a vaga desmaia de cansaço,
Como é belo dos astros o clarão!
Lá surge a Lua no azulado espaço...
Porque bates assim, meu coração?...

Voa até ela, voa, pensamento...
Se a minha voz ouvisse quando a chamo,
Se ela pensasse em mim um só momento!...
Devora-me a paixão... oh! como a amo!...

E este amor é mais fundo do que os mares,
Mais alto que montanhas de granito!
É maior do que a Terra, do que os ares,
Nasce em meu peito... acaba no infinito!"

--------------------------------------------------------------------------------

VII

Viu-a passar um dia; deslumbrava
De candura, de graça e gentileza.
Segui-a perto, procurou-a em casa,
Entrou num quarto ricamente ornado,
Esplêndido de luxo; ela aparece,
Ligeira como o frémito da aragem,
Toda inundada de celeste aroma;
Ao vê-la ficou trémulo de anseio...
Olhou p'ra si, sentiu-se envergonhado:
Estava roto, maltrapido, imundo...
Ficara-lhe a voz presa na garganta;
Pobre poeta! quia falar... não pôde.

E ela, que era rica e nobre,
Olhou e vendo-o tão pobre
Perguntou-lhe pelo nome,
Dizendo: "Se tendes fome
Esta esmola recebei...
Recusais? porquê? sois louco...
Ah! percebo, acháveis pouco...
Quem sois, senhor? respondei!"

Não há palavras bastantes,
Não há tintas negrejantes
Para pintar o que iria
N'alma do bardo, a agonia,
Revolto, profundo mar.
Quem pudera nesse instante
Aquela luta gigante
No fundo peito sondar!

Desde este dia sinistro
Ninguém há que o tenha visto;
Desvairado, meio morto,
Sem abrigo, sem conforto,
Por onde erra o triste assim?
Pelos píncaros agrestes,
Pelos rochedos alpestres,
Pelas montanhas sem fim.

Quando o vendaval rebenta,
Quando é mais negra a tormenta,
Na crista de algum rochedo
Heis de vê-lo mudo e quedo,
Dos relâmpagos à luz:
Comtempla o caos do mundo,
Ruge aos pés o mar profundo,
O raio estala e reluz!

Vai-lhe n'alma outra procela,
Mais terrível do que aquela
Que açoita os flancos do monte!
Ali, na pálida fronte
Labora oculto vulcão...
Um soro negro, inda quente,
Lhe sangra continuamente
Das fendas do coração!

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VIII

Era a hora sinistra dos horrores,
Em que os mortos, quebrando a negra lousa,
Da campa surgem ao fragor dos ventos.
O mundo dorme e outro mundo acorda:
Vão pelas trevas lívidos fantasmas...
As sombras falam, solitárias larvas,
Aves nocturnas pousam nos sepulcros!
Sai a miséria do seu leito imundo...
Era a hora sinistra dos horrores,
Em que a procela, como abutre enorme,
O mundo empolga na sedenta garra!
Os ventos partem dos escuros antros,
As ondas erguem sonoroso canto,
Contra as rochas, graníticos gigantes!
Perdida estrela na soidão do espaço
Contempla triste o turbilhão da noite.
Caminhantes errando pelas brenhas,
Gelado o corpo do roçar dos ventos,
Morrem á míngua! Que transidas almas,
Longe da pátria, na amplidão dos mares
Lutam co'a fúria da tormenta irada!
Oh! pobres nautas, que vagais no oceano
Sem uma estrela, o vendaval sibila,
Agra nortada vos açouta a face,
Em cima o caos, mais abaixo a morte!
Por estes uma prece.

A ventania
Varre as praças desertas da cidade.
Um vulto ao longe! quem ousou lançar-se
À triste noite?! Não ouvis? são cantos.
Cantos de amor e gritos de alegria...
Festa soturna irá naquela casa!
Parou à porta o vulto, entrou... subamos:
Referve a orgia! o ciciar dos beijos,
O doidejar da dança luxuriosa,
O tintinar dos copos que se partem,
Mil juramentos, e o fragor do jogo
Formam canto da tétrica harmonia.
Chegara o vulto ao limiar da porta,
Arroja o manto, deixa ver seu rosto:
É ele, o bardo, escarnecido amante;
Lívida a face, coruscantes olhos,
Solta o cabelo; do incendido peito
Rompe-lhe um canto de infernal angústia:

"Ouvis a tormenta rugindo lá fora
Mil cantos sotrunos com tétrica voz?
Eu amo a tormenta: cantemos agora,
Lancemos a vida no pélago atroz!

Folguemos, que as ondas de gozo embriagam,
Os raios coriscam, deixemos a dor;
As rosas se murcham, estrelas se apagam,
Gastemos a vida cantando de amor!

Amor é a nuvem que vai no horizonte.
Soltai, Messalinas, o cântico alegre;
Não tenho um regaço que encubra esta fronte,
Eu sinto-me exausto... devora-me a febre!

Errante no mundo não há quem me acoite,
Terei só repouso nos antros de Averno!
Gelou-se-me o peito com vento da noite,
Eu quero aquecê-lo bnos gozos do Inferno!"

Prossegue a orgia mais ruidosa ainda
E o bardo atira às bacanais o corpo.
Bebeu sedento nesse mar sem fundo,
Desde esta noite foi o herói das festas:
Quis afogar o coração no vinho,
Andava ébrio, taciturno, pálido,
Tinha os pulmões queimados pelo fumo;
Mal se arrastava, envelheceu num ano.
Lançou a vista turva no passado;
Precisava de alguém que o consolasse,
Chamou amigos que se riram dele;
Encontrou-se sozinho num deserto,
Vinham quebrar-se os vagalhões do mundo
Com fragor a seus pés. Tinha acordado
Desse tétrico e longo pesadelo.
Ficara cínico, odiando os homens;
Não cria em Deus... Uma secreta força
Levava-o a estudar; de dia e noite,
Por muitos anos meditara sempre
Sobre os grandes problemas da existência.

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IX

Ei-lo velando na mudez da noite
Curvada a fronte sobre os velhos livros,
Todo abismado num pensar profundo.
Seus olhos brilham de uma luz sinistra!
Pálido e triste... mas ás vezes súbito
Tétrico riso lhe contrai os lábios...
Parece morto, se levanta a fronte,
Se contra aquele mundo com rancor troveja,
Então aquela já senil cabeça
Ergue-se altiva como a águia negra!
Ouvi-o agora, faz tremer de susto:

"Livro sem fim, verdade, alguém há que em ti leia?
Adoro-te, rainha, altiva Galateia;
Estás num fundo mar, não podem descobrir-te;
Outrora eu também julgara possuir-te;
Como este coração viveu tão enganado!
Senti-me ressurgir das cinzas do passado:
Sem pai, nem mãe, sem nada, achei-me neste mundo,
Eu era a concha, o grão que vem do mar profundo:
Filho do crime, tinha o estigma do maldito...
Achei só proscrição por todo esse infinito;
Não encontrei ninguém, ninguém que me aparasse,
Ninguém que gota de água aos lábios me chegasse.
E então a caridade? a caridade é crime,
A espada da justiça é débil como o vime,
O vício e a virtude é uma e mesma cousa,
Pois tudo vem a dar em pó e numa lousa.
Quando eu penava à míngua, exausto e quase morto,
Pedi, pedi então misérrimo conforto...
E os ricos, ao passar nos carros seus faustosos,
Enchiam-me de lama... ó homens caridosos!
Um dia amei, não há quem uma vez não ame,
E em troca desse amor, essa mulher infame
Sem pejo me lançou às faces uma esmola!
E a sociedade ria... a sociedade é tola.
Naquela grande dor achei-me só e triste;
Bradei: Se Deus é injusto, então Deus não existe.
Foi essa a redenção da minha vida inteira,
Com esse grito entrei na senda verdadeira.
Cresci, jurei vingar-me; eu já odiava o mundo,
Das ciências procurei mistério o mais profundo,
Senti-me acorrentado à sólida vontade,
Lutou um homem só com toda a humanidade;
Dum lado um grão de areia e de outro altiva serra,
E o átomo venceu o mundo nesta guerra!"
E assim se transformou! meu Deus, que olhar sinistro!
É um homem que faz mal a quem o tenha visto;
Quem quer que o for ouvir num precipício cai.
É como o cascavel, a sua voz atrai,
Fascina aquele olhar... Oh! quantas alegrias
Não tem feito murchar com pálidas teorias!
No peito vai-lhe abismo imenso, atroz, horrível...
Demónio ou anjo é divino, mas é terrível!

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X

Um dia entrou no templo... a quê? foi por acaso.
Era de tarde, o Sol ia a morrer no ocaso:
A brisa a perpassar ao longe mansamente,
O órgão murmurava ao fundo som plangente...
Silêncio sepulcral; o templo era deserto,
Somente além se via um vulto branco, incerto...
Mulher ou anjo, orava aos pés da virgem santa.
Extática na dor a vista ao Céu levanta.
E o cínico, que entrara ali sorrindo altivo,
Sintiu-se estremecer, ficara pensativo...
A virgem, crendo então que estva ali só ela,
Deixou ver o seu rosto... oh! Deus, era tão bela!
Nos olhos lhe pairava etérea gota d'água,
Era divina então chorando a sua mágoa:
Tão pura como o Céu, angélica, celeste...
Bendito sejas, Deus, bendito sejas, dete
Ao mundo um anjo assim! O cínico insolente
Ao vê-la fica opresso, extático, demente...
Fitava-a fascinado, a fronte lhe escaldava,
Ignívomo vulcão no peito lhe estourava!
Era o desmoronar das crenças do passado,
Das tétricas visões, que ali tinham gravado
Com rígido buril os vícios e a desgraça...
Oh! Quem pudera ver agora o que se passa
Naquele coração, que geme agonizante!
É o anjo bom e o mau arcanjo neste instante;
Venciso este caiu; depois de lutar tanto
Dos olhos lhe jorrou ardente, íntimo pranto,
Cedeu o débil corpo àquela grande dor;
Rojando-se bradou: Perdão, perdão, Senhor!

Guerra Junqueiro

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terça-feira, abril 7, 2009 - 22:46

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