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GLOSAS XI
11
Do meu Myrtilo a saudade.
(Decimas improvisadas por occasião do fallecimento do Senhor
dr. Manuel Bernardo de Sousa Mello)
Não chores, coração meu,
A mágoa, que te assaltou;
A immensidade ganhou,
E o quasi nada perdeu:
O que é de um numen é seu,
Inda a par da divindade
No cume da eternidade
Bebe a luz do paraiso;
Mortaes, converta-se em riso
«Do meu Myrtilo a saudade.»
O Lethes, rio fatal
De margens seccas e nuas,
Confunde nas aguas suas
Memorias do bem, e do mal:
Eu, ainda que mortal,
Não pago á fatal deidade
O feudo da humanidade;
Bem que, oh Sorte, o não promettes,
Levarei além do Lethes
«Do meu Myrtilo a saudade.»
Não dou a Myrtilo incensos
Ante seus manes não desço,
Ao chão; porque só off'reço
Tal culto aos numes immensos:
Porém affectos intensos,
Cordeal sinceridade,
Doce pranto á amisade,
Que não tem, nem terá fim,
Estão demonstrando em mim
«Do meu Myrtilo a saudade.»
Em serras se afôfa o ar,
Estoura a rocha em gemidos,
E estão medrosos ouvidos
Ao longe a titubear:
De nuvens se peja o ar,
Morre a solar claridade,
D'alma terna amenidade
Desbota funerea tinta;
Ah! Justo céo! Tudo pinta
«Do meu Myrtilo a saudade.»
Não só c'os tempos modernos
Meu louvor affouto egualo;
Com Grecia, com Roma fallo,
Fallo com céos, com infernos:
Meus elogios eternos
Lanço pela immensidade;
Entro n'uma, e n'outra edade,
Por varios seculos entro,
E em todos elles concentro
«Do meu Myrtilo a saudade.»
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