CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Uma Véspera de Reis - Cena XV
Cena XV
Emília à janela e uma Vizinha na rua
Vizinha (Modos hipócritas; vestida a passeio.) - Como está, meu nome?...
Emília - Assim-assim. E a senhora?...
Vizinha - Muito constipada; mas agora vou melhorzinha. Vim agora da Lapinha; fui levar uma velinha ao menino Jesus...
Emília - Para ficar boa?...
Vizinha - Então? Ah! meu nome! a senhora não faz idéia! Desde que fiquei viúva, nunca mais tive um dia de saúde! Parece história! De mais a mais hoje acabei de engomar e pisei n’água fria!
Emília - Que loucura, meu nome! Não faça mais semelhante cousa...
Vizinha - Não foi por querer. Meu sobrinho Vitor (aquele que é tipógrafo) não pode lavar as mãos sem deixar o lugar do lavatório todo molhado. Ai! Ai! enquanto não me casar não tenho sossego!
Emília - Ora, meu nome! O que tem seu sobrinho e o lavatório com o seu casamento?
Vizinha - Não é só isso, meu nome: os ataques histéricos não me largam...
Emília - Então a senhora acha que é muito bom o casamento?...
Vizinha - Ó gentes! o que pode haver melhor do que a gente ter seu maridinho? Meu nome, por que não se casa?...
Emília - Isso é bom de dizer... A senhora bem sabe que o Alberto...
Vizinha - Quem?... O doutor Alberto?... Se a senhora vai atrás dele, está bem aviada, meu nome... Aquilo é um empata...
Emília - Como é que sabe disso?...
Vizinha - Gosta de todo o mundo... feminino. Ainda outro dia... era um dia santo. (Como lembrando-se.) Que dia santo era, Emília? (Recordando-se.) Creio que foi no dia de Natal... vinha ele no bonde piscando o olho... Adivinhe a quem, meu nome?...
Emília - A quem, meu nome?...
Vizinha - A uma irmã de caridade...
Emília - O que é que diz?...
Vizinha - Ele passa aqui Todos os dias por minha causa...
Emília - Por sua causa?...
Vizinha - Por minha causa... E lança-me sorrisos ternos e diz amabilidades...
Emília - O que está dizendo, minha rica senhora?...
Vizinha - Menina, eu tenho muita prática de homens, sei o que são essas coisas...
Emília - Pois olhe, Vizinha, há um moço rico com quem me desejam casar...
Vizinha - Deveras?...
Emília - Deveras: é o sobrinho do padrinho do meu irmão...
Vizinha - E o que vem a ser da senhora?...
Emília - Uma vez que papai é compadre do tio dele e ele é sobrinho do compadre do papai, é por conseguinte de mamãe também... e como sou filha do compadre e da comadre do tio dele, creio que vem a ser meu primo...
Vizinha - Um primo, e ainda em cima rico, não é moleque de tio Chico... Agarre-o com unhas e dentes, meu nome. Acredite que isto de maridos, qualquer serve, contanto que seja homem...
Emília - Mas sempre supus que o Alberto fosse de outra marca...
Vizinha - Não é capaz! Agora eu?... Eu talvez me case com ele...
Emília (Vivamente.) - Como?...
Vizinha - Tenho muito jeito para endireitar homens...A senhora verá como ele há de andar direitinho como um fuso! Adeus, meu nome: Nossa Senhora a faça feliz...
Emília - A senhora quer vir dançar os Reis aqui?...
Vizinha - O moleque já me deu essa novidade... Quando eles vierem, eu passarei pela cerca e cá virei também... Até logo... (Some-se.)
Emília - Até logo, meu nome... (Sai da janela.)
Submited by
Poesia Consagrada :
- Se logue para poder enviar comentários
- 411 leituras
other contents of ArturdeAzevedo
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia Consagrada/Teatro | Uma Véspera de Reis - Cena XX | 0 | 558 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | A Pele do Lobo - Introdução | 0 | 531 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | A Pele do Lobo - Cena I | 0 | 540 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | A Pele do Lobo - Cena II | 0 | 493 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | A Pele do Lobo - Cena III | 0 | 530 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | A Pele do Lobo - Cena IV | 0 | 472 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | A Pele do Lobo - Cena V | 0 | 924 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | A Pele do Lobo - Cena VI | 0 | 422 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | A Pele do Lobo - Cena VII | 0 | 486 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | A Pele do Lobo - Cena VIII | 0 | 532 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | A Pele do Lobo - Cena XIX | 0 | 452 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | A Pele do Lobo - Cena X | 0 | 386 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | Nova Viagem à Lua - Intodução | 0 | 511 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | Uma Véspera de Reis - Cena VI | 0 | 562 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | Uma Véspera de Reis - Cena VII | 0 | 375 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | Uma Véspera de Reis - Cena VIII | 0 | 365 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | Uma Véspera de Reis - Cena IX | 0 | 328 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | Uma Véspera de Reis - Cena X | 0 | 382 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | Uma Véspera de Reis - Cena XI | 0 | 399 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | Uma Véspera de Reis - Cena XII | 0 | 351 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | Uma Véspera de Reis - Cena XIII | 0 | 367 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | Uma Véspera de Reis - Cena XIV | 0 | 461 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | Uma Véspera de Reis - Cena XV | 0 | 411 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | Uma Véspera de Reis - Cena XVI | 0 | 469 | 11/19/2010 - 16:53 | Português | |
Poesia Consagrada/Teatro | Uma Véspera de Reis - Cena XVII | 0 | 343 | 11/19/2010 - 16:53 | Português |
Add comment