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Quando estou triste me transformo em árvore
Quando estou triste, se estou muito triste,
ramagens me aparecem nas espáduas,
na pele se acumula uma cortiça
e vigas de madeira são meus braços.
Dos meus cabelos pendem folhas virgens
sem esperança verde em novos brotos
nem consolos de azul sobre uma copa
que o coração desenha nos espaços.
Quando estou triste, se estou muito triste,
nascem da concha agreste destas mãos
as amêndoas amargas do silêncio
e uma seiva de fel corre em meus talos.
Expostos aos rigores da intempérie
dentro e fora de mim tremem os pássaros
que aninham nas ramagens do meu lenho
de sulcos boquiabertos, assombrados,
por ver como o pesar me torna espessa.
Quando estou triste me transformo em árvore.
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Ministério da Poesia :
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