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À POSSIBILIDADE BASTA UMA HIPÓTESE …
Talvez me perca …
À possibilidade basta uma hipótese,
a mim basta-me o universo.
Ver-me até que não veja mais nada senão tudo.
O impossível é uma mera prótese do imaginário,
um lugar por conseguir,
uma data sem calendário nas minhas mãos.
O infinito é uma inércia ágil,
um instável folclore de tintas sem carne,
um esqueleto amotinado ao caos na palma da noção.
É o infinito o planalto do meu fim,
o mim alto do meu começo.
A alma pertence à lei do tempo,
o corpo regressa a casa… a voz cicatriza.
A inteligência converge
num olho que tacteia a escuridão,
num estudo que assoalha as estradas,
numa orelha que não escuta o silêncio,
numa mão de proposições à altura da noite,
num nariz onde a Primavera não tem Outono,
num sentimento como ponte entre os extremos.
A razão reza sem dono… a paz perde o sono.
O amor é uma hipótese hipnótica,
morrer uma gótica possibilidade.
A morte é a maior imortalidade.
Os sonhos são fogueiras que amornam a realidade,
são fronteiras do vazio ao cheio,
são o meio de nós.
Sonho para não acordar o meu grito,
escrevo para calar o branco do meu papel.
Talvez me encontre …
.
.
.
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