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Adeus o que é de Deus...
Há uma lágrima mais pesada
que escorre por entre o tempo
e morre no lábio entreaberto e seco
de um adeus qualquer...
É um ciclo desfeito em sal e água morna,
que nos segreda ao ouvido que o inicio e o fim
são virgulados por capítulos cujas portas
se vão fechando
e encerrando fragmentos de nós próprios que se descamam...
São lágrimas mortas que nasceram num auge de sonho
e se amam na efemeridade que as dissolve...
A mortalidade que nos confina em tudo
é a beleza ingrata que nos faz amar tanto,
porque não dura, pode morrer,
desaparecer ante as nossas mãos nuas...
Antes de sermos, morremos muitas vezes...
Adeus ao que é de Deus!
Porque o amor nunca pertence,
é-nos emprestado para entendermos um pouco
o que é superior a nós próprios...
E vence tudo porque nos mostra que nós somos nada,
nada sem ele e nada por causa dele...
E quando a porta range e bate e estremece
com o embate da nossa dor,
fechamos-nos à chave...
Chamamos de novo capitulo, seguir ou fugir em frente,
chamamos de ultrapassar,
ou amarmos-nos mais...
E acreditamos que estamos melhor assim...
Habituamos-nos ao vazio que não nos rouba,
porque não há nada para levar...
E o fim já nem assusta.
Inês Dunas
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