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Adoração

Adoração

Porque tu tinhas bilhetes, eram dois à cintura da vila
Perguntas-me se sexta vou, responde-te o rubor que estou
Cintila até à noite camaleão dos teus motivos e do meu futuro
Porque escuridão era a cor d’Agosto em fim chegar inseguro
À tua porta, deus, eras moldura e o mundano brotou...

Diferente com os pomares do teu vestido a desesperarem
Por abertos serem no tacto da máquina inversa de to fiar
Por colhidos serem na brisa demiurga da via em frente
Enquanto hesitavas as mãos dadas p’ra feira popular
E as tuas sabrinas me caminhavam nos olhos lentamente.

Oh forma das coisas por vir, não sabia díspar o nosso silêncio
Eu do caos ao cosmos entre as hortas dum bairro moderno
Tu do cosmos ao caos em tua mente algures fora de campo
Inverno nocturno estavas, vida do interior sem verde grampo
Nos ramos dos pintores de casas vermelhas onde eu crescia externo.

Sorrias pouco na recta plana de m’encenares o centro do mundo
Só periferia tua nesse prado longo a desligar luzes escuras
Porque technicolor era o tom das tuas lojas de canela ao fundo
Como grainhas por desvelar eram as sardas pedintes de partituras
P’ra te tocar na face iluminada, ancas em requebro de violino fecundo.

Porque atracção já não eu, Ícaro do tamanho do lugar onde estás
Escapavas-te na terra menos pequena deste parque de diversões
E o teu abandono acho que fraco numa mera lágrima incapaz
D’existir fora nas órbitas sem monstros rotativos de estações
Polvos e carrosséis que espelhassem a cidade onde viverás

Catedral loira doutrem, escolhias-me as palavras da roda gigante
Proximidade eminente nas cabines verdes de arabescos beges
A nossa achava eu quando as pernas se chegavam no alto instante
De doce dizeres: “Desculpa, isto mudou, é daquilo que não reges...”
Caía-me tudo adolescente pelo transe mais baixo mas flamante...

Porque segundos bastaram p’ro romance arder no firmamento
Vermelho fatiado, místico acesso de frutose me oferecias tu
Como mercúrio para o inferno, havia explosões no céu do momento
Nosso deslindava eu, os pontos negros encantados do fim em baú
Aberto como sementes estelares do nosso Egipto em desvanecimento

Porque autopsiavas os adorados gumes nessa polpa do miradouro
Descascado túmulo nosso, vejo-te no restaurante de melancia aérea
Para sempre quando voltar aqui, nós rei e rainha da idade d’ouro
Subterrânea como o sangue biográfico da tua silente Veneza venérea
Porque eu jorrava e não falava, a cena preferida do Verão vindouro.

(24-02-2017)

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sábado, fevereiro 25, 2017 - 12:48

Poesia :

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Fran Silveira

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