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AI O SABONETE

Ai o sabonete

 

 

Ai se eu tivesse a liberdade do sabonete,

Todos os dias eu podia ver-te,

Toda nua, voluptuosa no teu banho,

Esfregar-te e ver aumentar o meu tamanho,

Não do meu corpo inteiro, apenas uma parte,

Com todo o meu empenho e tanta arte,

Percorrendo o teu corpo com suavidade,

E sentir-te a tremer de felicidade.

 

Assim, como não sou o sabonete,

Apenas vestida eu posso ver-te,

Dar asas à minha tanta imaginação,

E fazer acelerar o meu coração,

Sonhar que estou agarrado a ti,

Mas este sonho irreal não passa daqui,

Enquanto, o teu olhar não encontrar o meu,

E o amor entre os dois ainda não aconteceu.

 

Como desse sabonete eu tenho tanta inveja,

E até ciúmes quando o teu corpo esfrega,

As tuas partes mais íntimas do teu ser,

E eu cá da rua, sozinho, não te posso ver,

Pensando apenas ocupar o lugar do sabonete,

Para esfregar o teu corpo e poder ver-te

O delírio dos teus olhos para o céu,

Fazendo acelerar o coração que é meu.

 

O lugar desse sabonete é só meu,

Desejo derreter-me no corpo que é teu,

Conseguiste ver-me e o meu olhar encantou,

E este meu desespero já acabou,

Agora tenho o sabonete para nos esfregar,

E sentirmos os dois o amor entrar,

Já não tenho ciúmes do sabonete,

Pois a qualquer hora eu já posso ver-te.

 

 

Tavira, 15 de Junho de 2012-Estêvão

Submited by

quinta-feira, setembro 24, 2015 - 09:50

Poesia :

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José Custódio Estêvão

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