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ANALISTA DE MIM MESMO

Vivo em sessões de tortura
No interior da minha mente
O passado se faz presente
Através de doenças sem cura
Que atormentam, sem censura
Trazendo à tona vivo e claro
Mostrando ser um fato raro
Algum momento de alegria
E a lágrima que alivia
Não serve pra fazer reparo

Imagens dos antepassados
Durante momentos de dor
Tão poucas cenas de amor
Tão pouco você do meu lado
Por eu estar sempre obrigado
A ser escravo da labuta
No fim sempre perder a luta
E aceitar a explicação
Que é assim só porque Adão
Um dia comeu uma fruta

Vozes entram nos meus ouvidos
Lá dentro são analisadas
Com registros são comparadas
Os quais aguçam meus sentidos
Então os sons são definidos
E sempre vence a maioria
Insensíveis à poesia
Na briga entre o bem e o mal
Ouço gemidos de hospital
Ao invés de uma melodia

Os bons momentos são escassos
Quase nada deles eu acho
Não sobrou nem uva no cacho
Nem o calor dos teus abraços
Que apesar de tantos fracassos
Me faz viver só de teimoso
Num mundo sujo e pegajoso
Quem sabe o outro motivo
Pra que eu ainda esteja vivo
Seja o teu beijo carinhoso

Dentro da mente a consciência
Condena sempre o culpado
Pois lá não tem advogado
Nem lei que mude a sua essência
Nem justiça que dê clemência
Procuro então ficar consciente
Tento controlar minha mente
Ficar atento, acordado
Pois eu não quero ser levado
Pelo coletivo inconsciente

Minha mente faz rejeição
À política, economia
Entende truques de magia
Não entende contradição
Quem chama aos outros de irmão
E vive na igreja, ajoelhado
Fala em demônio, amedrontado
Se esconde pra não dar ajuda
É egoísta e nunca muda
E só nos outros vê pecado

Despreza a quem sem motivo
Quer que eu escolha e que descarte
Que ache bom ter um enfarte
E sempre pense positivo
Que lá na empresa eu seja ativo
Sabendo só ser utopia
Ser recompensado algum dia
Pois patrão não dá recompensa
É isto que ensina e pensa
A ciência “Psicologia”

Nas células das ilusões
Há uma grande fertilidade
Eu saio da realidade
Creio em milagres, orações
Que posso derrotar leões
Até vestir terno e gravata
Isto tudo vira bravata
Quando o real volta ao presente
Sou só um indefeso inocente
E até um mosquito me mata

No setor das decepções
Encontro um gigantesco arquivo
Vou tropeçando, me esquivo
Pois são tantas informações
Enganos têm aos borbotões
O ser humano é traiçoeiro
Por aqui e no mundo inteiro
E as coisas que não tinham preço
Se vende em qualquer endereço
Pois tudo compra, o dinheiro

Neste caminho mente adentro
Eu sou o meu próprio divã
E por ser de mim mesmo fã
Penso de tudo ser o centro
Quero permanecer decente
Mesmo pobre materialmente
E embora um tanto perturbado
Sou eu mesmo meu analista
Considero a maior conquista
Ainda ter você do meu lado

O campo do arrependimento
Ainda não pude entender
Me arrependo de não fazer
De algo que fiz até o momento
De não mostrar meu sentimento
Ter dito o que não devia
Não ter buscado o que eu queria
Por preguiça ou por descrença
E substituir tua presença
Por algo que pouco valia

Na caixa reta dos neurônios
Que nem o próprio dono entende
A ilusão cresce e acende
O cérebro é um manicômio
E por do meu ser o condômino
Nunca sigo a maioria
Que vê milagre todo o dia
Milagre não existe, eu digo
Pois só ajuda, um braço amigo
E o uso da sabedoria

Guardados em algum lugar
Encontro as perdas e danos
Dizem que vão pra outros planos
Os que nos deixam a chorar
Porém me custa acreditar
Que possa haver ressurreição
Não há em mim má intenção
Espero mesmo estar errado
Ninguém voltou do outro lado
E a prova é só sonho e visão

Meu medo é que isto se misture
E eu me perca neste caminho
Não saiba mais andar sozinho
Nem mesmo eu próprio me ature
Que eu dependa de alguém que cure
Distúrbio mental permanente
Por isso quero estar consciente
Fazer meu próprio tratamento
Não estou louco até o momento
Mas há um louco em minha mente

Vou dar um tempo por agora
Interromper esta viagem
Que pode parecer bobagem
Só conversa jogada fora
Saiba o senhor e a senhora
Que ser feliz eu gostaria
Que a felicidade, um dia
Viesse num perfume, em frasco
Mas a mente é um carrasco
Que ainda vai me matar um dia

Sérgio da Silva Teixeira
BAGÉ/RS/BRASIL.

(trabalho publicado em 2010 no meu primeiro livro "SOMENTE UMA PESSOA".

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terça-feira, março 17, 2020 - 14:38

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