Bela Inês

Que lindo rolo na cabeça levas, Inês.
Falta cabelo para tamanho toucado.
Mal escondido o deixou quem o fez,
perdido num traseiro tão bem alçado.

A saia e o saiote, de curto nada tem
deixando canela à vista até ao botim.
Os seios, com aros e panos os sustem
espalhados num belo decote sem fim.

A cintura fina de tão bem apertada,
quase o corpete a corta ao meio.
Deixa a saia de folhos bem rodada,
babados uns ficam, outros sem freio.

Com tinta, são rasgados os negros olhos,
donde emana ardor e brilho sem fim.
Ondulam as pestanas e a saia de folhos
ao gracioso toque no chão, do botim.

Da carnuda boca sai lindo sorriso de amor,
por fiada de brancos dentes iluminado.
Vermelhos são os lábios e sedosa é a cor,
fazendo esquecer, traseiro tão bem alçado.

E o bolero das tuas ancas, minha bela Inês!
É suave música o teu gracioso e belo andar.
Não foi Ravel, foi outro de certeza que o fez,
mestre como ele, mas na fina arte de amar.