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Calçada Vadia

Vagueio meio perdido na noite, lá ao fundo vejo outros que, perdidos, vagueiam também seguidos teimosamente pelas próprias sombras. Sinto as pedras da calçada, imóveis, a tocarem-me como quem tenta indicar-me o caminho. Lá em cima, dominante, a lua espreita e pergunta-me se também me pode seguir, pois a manhã cedo já não vai demorar e ela não quer esperar por outro dia.

Penso no tempo a passar sem lhe poder perguntar para onde vai, para quê tanta pressa, porque os dias são curtos demais para eu saborear tudo o que quero saborear na vida. Inquieto, continuo a caminhar sobre a calçada à espera de saber para onde ela me leva. Queria ter a certeza que me guia até ti, mesmo que por trilhos sinuosos, mas não sei se será esse o fim do caminho que o destino escolheu. Sinto-me cansado mas sigo em frente, olho cada uma das pedras da calçada e peço-lhes, a cada passo, que não saiam dali para que eu caminhe, sem hesitar, até à tua rua. As pedras fazem-me a vontade e ali permanecem mas, mesmo assim, hesito…

Ouço murmúrios, pequenos ruídos confusos que tentam roubar a minha atenção e que me parecem vindos de pessoas que me olham e falam baixinho naquela esquina, abrando o passo por breves momentos mas continuo, sigo o caminho puxado pelo desejo de poder dizer que és minha para depois, só depois, poder descansar desta caminhada.

Aquela rua escura e a subir, com casas em paredes de pedra tosca, é minha amiga e logo depois, um pouco mais acima, oferece-me o teu rosto meio iluminado na noite pelo candeeiro que se vê para lá da porta entreaberta. Caminho agora lentamente e sorrio… sinto um alívio, sinto-me mais leve, nem sabes quanto, apesar de manter no meu pensamento a amarga incerteza se esperas alguém. Observo o chão fintando esse olhar doce que me sossega e me convida para entrar, mas hesito novamente porque sei bem que, quando sair, tudo terá mudado, já será dia e as pedras da calçada terão, certamente, outra cor. Dou comigo a pensar como seria igualmente feliz mesmo que apenas me fosse permitido ficar ali a olhar-te eternamente, sem dizer uma palavra.

Só mesmo olhar-te…

Mas o teu corpo, os teus lábios e o teu cheiro são aliados do meu desejo e, apesar de resistir, eles atraem-me para ti, tal como um cais que atrai o barco para que este possa atracar e descansar da última viagem.

Volto a mim e tu continuas ali, junto à porta entreaberta, a olhar-me serenamente e sinto que apenas esperas que entre para me abrigares da noite fria. Sinto o coração agora a bater mais depressa, ao mesmo ritmo de uma música conhecida que consigo ouvir vinda da tua sala, e decido entrar, beijando-te levemente na cara e sentindo ainda mais o teu cheiro, ao passar por ti junto à porta. O lume aceso que crepita na lareira e que agora apenas me aquece as mãos, faz com que tenha ainda mais vontade de sentir o teu corpo abraçado ao meu e poderes aquecer-me por dentro, aquecer a minha alma e deixares-me ficar assim, abraçado a ti, até adormecer…

Aproximas-te de mim e o teu abraço chega, finalmente, e além do teu cheiro novamente, traz com ele o encanto, a paz e a harmonia que sempre procurei nas ruas por onde passei e nas outras casas aonde entrei. Tenho agora a certeza que era aqui que queria ficar, mas sei que esta casa não me pertence nem tu ainda me disseste o porquê de nela me deixares entrar. Mas esta dúvida não me prende nem me inquieta, porque renasci contigo e é este o troféu que ergo quando penso em ti.  

Olho pela janela e lá fora já outro dia espreita, sei que tenho de ir e percorrer o caminho de volta.
Não mudes de rua nem de casa porque eu quero voltar, um dia, só para te ver…. ou para te ter.

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quinta-feira, maio 24, 2012 - 17:59

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Gonçalinho_76

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Comentários

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Já aconteceu comigo de postar

Já aconteceu comigo de postar assim duplicado só não sei como fazer para tirar postagem assim alguém sabe?

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