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CARDUME LETÁRGICO

Saudades
são rectas de ecos ocos
no firmamento de findas luzes.

Ais iluminam árvores de infinito,
inquieto.

Solidões,
pessoas alvo,
passos a salvo descalços.

Calçadas sem rasto
calçam paredes com suspiros
de socorro em ciladas lunares.

Passeios calados,
calcados por alcatrão sujo
nos semáforos intermitentes da alma
lavam de vazios repetentes o corpo,
quebrantado.

Cartazes,
pavões audazes abrem asas
aos ruídos de salto alto embriagados
em valetas de sexo,
letárgico.

Ventos,
perfumes indolores seduzem sem ónus.

Sinistro pensamento sem volante,
volátil mente.

Rumos,
cardápios em branco,
serenos cardumes desocupados.

Passerelles,
emoções enrugam corpos,
bustos murmurantes em pernas andantes,
ao acaso.

Madrugadas mártires
das canções de saciedade.

Fêmeas esquecidas,
cerco de machos inaptos.

Amores de circo sem plateia,
sem veia poética nem candeia
no túnel que nos conta a vida.

Paragens,
sentença de almas poluídas
pelas noites adormecidas em palavras,
ditadas lixo.

Uivos,
cios sem bengala,
camas frias sem amantes,
algazarra de quenturas defuntas.

Cigarros,
olhares distanciados,
catarros à boleia do grito tosse
que chicoteia a consciência.

Saracoteado archote
ao fundo destravado num copo coxo
ao sentir quanto roxo somos.

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quarta-feira, julho 7, 2010 - 00:05

Poesia :

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Henrique

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