CORSÁRIO DO SILÊNCIO

Acasos sem margem de erro.
Aterro como leito inóspito acolhe o rio.
Despenhadeiro de brisas suspensas na água.

Tábua embrionária.
Tontice híbrida por debelar.
Esmiuçada estala a voz que cala os olhos.

Impulso incómodo.
Eco imponderável após o soo da palavra.
Núcleo nulo quão fulo o fogo que agita as mãos.

Fogueira que arrola
as ervas secas como estrelas no céu
num véu que se enrola em queixa ao vulto do ontem.

Ansiedade incisa,
escondida no miolo do sono.
Insónia que outorga o perfil do desassossego.

Travessa de cristas
como sol alto na cordilheira da alma.
Tal calma cede ao perfume que sucede a chuva.

Permuta incompatível
ao movimento cujo combustível são penedos
que se alinham aos gumes do passado que não passa.

Articulações sem escala.
Longínquo robusto como mala vazia.
Espelho de reflexo nómada… Andróide.

Verga de relentos lentos.
Utópico zunzum pelos regaços do caminho.
Injúria que atropela os pés canibais do deserto.

Tal terra o pó nos há-de snifar.
Tal calúnia amolgue a soco a sombra.
Ar livre que relampeja corsário do silêncio.