Cristina

Assim foi a tua chegada repentina e inesperada, entraste
De rompante, sem deixar tomar fôlego e deste um novo
rumo às nossas vidas. A tua face brilhante e encantada, é
como o sol, uma luz reluzente, inextinguível, insaciável,
sem proporções, sem limites, sem barreiras. A tua pele
clara e sensível e doce é a superfície perfeita aderente pela
qual percorre a luz efervescente que irradias.  

É um brilho forte, intenso, caloroso, quente, apaixonante,
Sorridente, benévolo, intrépido, intocável, insaciável,
é uma luz perpétua, sem igual, sem comparação ou rival.
É um núcleo de luz inalcançável, o qual não podes tocar,
Sim o qual se tocares, poderás perecer, pela sua energia
Dinâmica que tão abundantemente irradia…

Assim como o sol, nem pode ser olhado nos olhos,
Não pode ser verdadeiramente contemplado, apreciado,
Tocado, também contigo se dá o mesmo, com o perigo
E consequência de cair como presa ou escravo
dos teus encantos.

O teu sorriso, se assemelha ao tão belo nascer do sol,
É algo gradual, que nos vai contagiando, assim como
O sol vai subindo e subindo, sua luz aquecendo mais e mais
E quando nos damos conta, já está, lá está ele ali, tão
Belamente concebido, tão poderosamente estabelecido.

Assim como o sol nos alegra, mesmo em eras de tristeza,
Assim também é o teu belo sorriso, é como um banho de
água refrescante num dia de calor tórrido, é como um oásis
achado, encontrado no meio de um deserto árido. Mesmo
quando secos os teus lábios não desvanecem o seu
brilho e encanto e suas doces carícias.

Não secam jamais, borbulham de vida, de actividade,
De agitação, de paixão. A sua cor, a sua forma, o seu
Comprimento, tudo foi feito de facto maravilhosamente.
Minha alma está certamente bem apercebida disso mesmo.
Tuas lágrimas são como as tão apreciadas gotas de chuva
Que caem e embatem sobre o solo gretado pelo calor e o
Humedecem e o fortificam e o nutrificam e fazem produzir
E crescer alimento. 
Se pudesse juntaria todas as pequeninas, as ínfimas gotas,
As lágrimas, que vertes, que saem de dentro de ti,
bem lá do fundo do teu coração, que saem através
de pequenas brechas ou aberturas e escorrem pela
tua pele suave e doce. Oh! Se tão somente pudesse,
as juntaria, as coleccionaria, as guardaria numa caixa
inexpugnável, e as guardaria bem dentro do meu coração.

Juntaria ou guardaria assim a tua alma, a tua vida, os teus
Prazeres, as tuas tristezas, os teus dissabores, as tuas
Alegrias, os teus sentimentos, tudo na minha mente e no
Meu coração. Ohh! Se tão somente me deixasses… eu seria
Para ti o guardião do teu coração, o zelador, o protector,
O apaixonado, o defensor, o cavaleiro andante salvando
Sempre a sua bela donzela.

Usaria de bom grado o meu coração de escudo para o teu.
Para que nada de mal lhe sobreviesse, o atacasse,
o adulterasse, o magoasse, o atingisse e ferisse.
Estaria disposto até mesmo a arrancá-lo fora e to
Mostrar, para veres ao pormenor, o que sente,
O que vê, o que ouve, em que crê…

Ohh! Se tão somente me fosse concedida a
Honra e a permissão de te conhecer, de te entender,
De vasculhar, de percorrer, de estudar o teu coração,
De o conhecer, se me fosse permitido mergulhar por
Dentro dele e ver o segredo para o conquistar, para o
Vencer, por mérito o carregar e abraçar.

Então alegria e felicidade certamente encheriam os
Cofres mais recônditos do meu coração. E onde poria
Eu tais mananciais de alegria? Nem o mundo inteiro os
Conteria!

Tu és bela, sim és bela como nenhuma outra. Em ti
se usou um molde perfeito, não desviou, não falhou,
não alterou. És obra maravilhosa de um perfeito oleiro,
o qual dia e noite passou a moldar-te, a formar-te a
desenhar-te como que com régua e esquadro,
com medidas e regras perfeitas.

Os teus olhos chamejantes, irradiam um brilho
Semelhante ao de estrelas, não somente de estrelas,
De constelações, de galáxias inteiras de estrelas, um brilho
Tão belo e apreciado que jamais se desvanece independentemente
Das nuvens ou trevas que se possam interpor no caminho.     

Os teus olhos são como portais místicos, são como espelhos,
Ou reflexos do teu coração, são como uma carta aberta,
Um livro, um manual de instruções. Neles obtenho
Todas as informações necessárias sobre ti: o que sentes,
O que pensas, o que vês, O que escondes, O que desejas,
O que evitas, porque esperas, porque hesitas, porque choras,
Por quem suspiras, por que gemes, porque triste, porque feliz,
Se doente ou senil, tudo consulto nos teus lindos olhos.

É como um mapa de uma terra distante ainda por descobrir,
por explorar, por percorrer. Neles perco a calma, a serenidade,
o bom senso, o controle, neles perco-me sem rumo, sem destino,
como presa ao abate, como arrastado e sugado por areias movediças.
O que fazer? O que dizer? Como agir?

Os teus olhos mostram também as tuas verdadeiras intenções,
Os teus sentimentos, as tuas motivações, razões, questões.
São límpidos como a água, mas densos e escuros como o cobre.
São ricos em beleza, poderosos ímanes contra os quais não
há força que os possa repelir, ou que se possa opôr.

São como dois prismas, sobre os quais abate a luz solar,
E reflectem uma imensidão de belas cores diferentes,
como um arco-íris. São como dois diamantes já
lapidados, bem brilhantes, e tão, tão preciosos.
Conseguem ser mais fascinantes e valiosos do
que quaisquer outras pedras preciosas.  

Os teus olhos mostram quem és: séria, responsável, mas
Brincalhona, bem disposta, por vezes preocupada ou
Indisposta, linda, sorridente, espiritual, madura, perspicaz,
Não tola como um mero rapaz. Inteligente, não fácil de
Ludibriar, querida, compassiva, honesta, directa, sincera,
Amorosa, cuidada, bem arranjada, ajuizada e nunca desleixada.

O teu nariz é como um monte escarpado, com duas belas
Grutas abertas, sem portões ou janelas, sem trancas ou cadeados,
Por elas flúi e sopra o ar que respiras, o vento que no seu interior,
Ressoa e assobia à sua passagem. São duas grutas igualmente
Cheias de vida, onde estalactites e estalagmites formam e decoram
Uma bela paisagem rubrica.

Da tua boca, desse canal, dessa fonte de água viva,
tão bem concebida, provêm palavras doces, suaves, ricas,
pensadas, sentidas, caem e descem e percorrem o ar
quais belas quedas de água que se precipitam
sobre os montes, sobre os vales planos, quais rios,
e fontes elas não param jamais de correr, de
escorrer, de consolar, de vivificar o espírito
dos em tua volta. Todas as palavras da tua boca
se assemelham a favos de mel tão doces e saudáveis
que são. De facto da abundância do coração a boca
fala, pergunto-me então, se as tuas palavras são
assim, como será então o teu coração?
Só posso imaginar por agora…        

O teu cabelo louro, dourado acentua tanto mais
A tua beleza. É como ouro refinado, sim sem
Qualquer impureza ou escória, peneirado, trabalhado,
Tão bem desenhado, mas tem mais valor do que o ouro, sim
Muito ouro e prata. O seu brilho, não é falso, não é temporário,
Não perece, não cessa jamais. Antes é constante, inabalável.

Quais ondas e remoinhos, turbulentos e imprevisíveis,
assim é o teu cabelo, com todas as suas formas
diferentes, possíveis e imaginárias. É como
a juba de um leão novo, que realça a sua
força, graça e beleza. Ao olhar
para o teu cabelo é como observar um belo pôr do
sol à beira mar, onde o sol e o mar se encontram,
e se beijam e se enlaçam e se tornam um só, onde as
cores se misturam, e se confundem, e se transformam
numa só luz reluzente e bonita como nunca antes vista.

É algo indescritível. Não existem palavras, línguas,
Ideias, texto, mãos, cabeças, pensamentos, conhecimentos
Suficientes para descrever tal acontecimento único. Assim
É também no teu caso. Nem todos os livros, nem todas
As bibliotecas no mundo seriam suficientemente grandes e
Espaçosas para compreender, para guardar, para estimar
E coleccionar tal tesouro tão grande – para te descrever
Detalhadamente, ao pormenor.

Assim permite que este humilde e vão poeta faça
Um esforço fútil e fugaz de o fazer.

As tuas belas e longas pernas, são como dois alicerces
E pedestais de encaixe e de acento de uma estrutura
tão detalhadamente Desenhada e construída,
sustém-te e amparam-te e embelezam-te o caminho,
à frente, são como duas crias de veados,
Cuja pele, sensibilidade, toque e movimento são invejados.

A tua pele é tão suave quanto o veludo, ou o cetim, ela
É tão suave como pétalas de rosas na primavera.
Foi feita dos melhores tecidos carmíneos que alguma
Vez poderiam ser usados. Não há trabalho mais
Prestimoso, quanto este. Foste desenhada, estruturada,
Riscada, recortada, colorida, esboçada, foste criada,
Foste concretizada, de uma forma atemorizante,
Espantosa, todas as tuas partes mais ínfimas,
mais íntimas, ocultas, todos os retoques, todos
os pormenores foram todos feitos à medida.
Um projecto sem falhas, sem erros de cálculo,
Todas as medidas precisas e exactas, tudo no
Seu devido lugar e tempo oportuno.

Os teus ouvidos, são como dois delicados anéis
Dourados, encobertos, protegidos e resguardados, por
Finos fios de cetim, de seda, que ao som do sopro do
Vento se movem e entoam belas melodias cintilantes
Que ressoam e perfuram teus belos anéis de ressonância.

A tua garganta, a tua voz, o som que imites da tua boca
Não tem explicação possível, não há como descrever
Tamanha harmonia, timbre, som melodioso. As
Tuas cordas foram afinadas por um mestre musical,
Por um mordomo supremo e sem igual.
Nenhum som sai desordenadamente, não tropeça, não falha,
Nem alto, nem baixo, nem trémulo, nem efervescente.

A tua voz é mais melodiosa que o canto dos muitos
Pássaros cantadores em todo o mundo. Está mais
Afinada que qualquer instrumento musical. Aliás
É como se nunca tivesse necessitado de qualquer
Afinação ou ajuste, de qualquer alteração.

Com a tua voz não somente cantas, como
Encantas-me, dominas-me, controlas-me,
Adormeces-me, paralisas-me, atrais-me, é
Como se me hipnotizasses, com a maior
Das facilidades. Ao ouvir a tua voz melodiosa
Ao cantares, levas-me cativo, como escravo,
Como tendo sido enfeitiçado e nada posso
Fazer para resistir, lutar ou fugir.

É como o canto irresistível de uma bela
Sereia que atraía a si todos os barcos, todos os homens
Que a quilómetros de distância, ousassem a escutar
A sua voz, o seu canto divinal. Assim se dá comigo
Quando te ouço. É incrível.

É doce, prazerosa, melodiosa, requintada, decorada,
Ilimitada, deslumbrante, hipnótica, bela, maravilhosa.
Quer acordado, quer dormindo a oiço clamando por mim.
Em sonhos me atormenta e procura, me chama, me atrai,
Me conquista, leva-me como seu refém. 
 
Assim como o sol nasce e se põe todos os dias,
Assim sejas tu, que sempre lutes pelos teus alvos
e objectivos. Mas nunca te esqueças,
de que mesmo que por vezes te simtas triste ou
abatida ou desanimada, por não te darem o
devido valor pelo teu serviço e esforços
prestados, lembra-te o sol também nasce
todos os dias enquanto quase toda a
plateia ainda dorme profundamente.