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Descritos imediatos...Latitude zero

Havia um cão atómico a farejar ameixas verdes...
Assim que três meias horas que não eram hora meia,
badalavam balões de soro ao acaso de um fogão que
acendia velas mortas, brancas como funerais.
Vinte milhões de alguém, esquecidos naufragavam
a comerem gelados pedra... extasiados em Campolide.
Estava vento nesse dia que à noite até luzia a estrelar ovos escalfados.
Os comboios engarrafados apitavam cordas de fados no suspiro do que é poema.
Quando uma gaiola em chamas se prostituía nas camas com pombas de veneno.
Um violino solitário jogava á cabra-cega com uma caneta feita em prata.
E no meio desta magia que é o ouro da poesia…
Transforma-se o verbo em lata.

Uma concha entristecida distraída com a SIDA nas patas de um caranguejo
aquietava revoluções a saltarem dos calções descamisadas como o beijo.
Tropeçaram 10.000 homens numa pedra armada em estátua no túnel do rossio…
O jardim das Amoreiras agasalhava quintas-feiras invernias como o frio.
Já um par de sandálias a correrem a subir num campo de alcachofras,
sangravam os ponteiros na sirene dos bombeiros a refogar horas amorfas.
Sai, entrei na rua e as paredes apressadas fugiam até ao vácuo…
Ai de mim…onde é que estou?
Apalpei as mãos cortadas lisas como a ausência do sabor e do tacto.
Um violino solitário jogava á cabra-cega com uma caneta feita em prata.
E no meio desta magia que é o ouro da poesia…
Transforma-se o verbo em lata.

Ás onze e meia do dia vomitava uma pia mal disposta de me encontrar...
O cão era da minha tia farejava na calçada e não era nuclear.
Passada uma hora e meia com a mente assim alheia no vislumbre da verdade…
Percebemos que escrever para dar aos outros a entender é em si uma raridade.
Acendo então um cigarro levanto-me vou á cozinha que aqui não tenho isqueiro…
Aproveito a viagem para acalmar esta poesia da loucura e do corriqueiro.
Já voltei, bebi um whisky, mandei à merda o Jonh Wayne que disparava contra o ecrã…
Se me parte esta pôrra não vejo a meterologia para o dia de amanhã.
"Theres anybody out there"...
Um violino solitário jogava á cabra-cega com uma caneta feita em prata.
E no meio desta magia que é o ouro da poesia…
Transforma-se o verbo em lata.

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domingo, janeiro 17, 2010 - 22:38

Poesia :

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Lapis-Lazuli

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Comentários

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Re: Descritos imediatos...Latitude zero

Ótimo poema.

Parabéns,
um abraço,
REF

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