Estereótipos

Dono de massa muscular desnecessária
Passa pelos reflexos do vidro das fachadas
Das lojas parando para admirar tamanho jeito
E tamanha força jogada ao léu do estilo soberbo

És deveras tentado
Por garotas, o garoto a passear no shopping disputado

És oriundo do mundo laico

Falo de ti olhando as púpilas que se dilatam
Com todas as ilegalidades que praticas por nada
És hoje o candidato ao Nada

Seja, meu antagônico, o que de real não o sou

Eu sou o estiloso de vocabulário vasto.

Podia ser o professor de sabedoria
Já que aprendo com entendimento gratuito

Podia ser o patrono da lei da igualdade social

Podia ser o defensor da paz no Oriente Médio
E ocupar morros e favelas com uma bandeira branca

Podia hastiar o tecido da glória nas sinagogas

Podia poder
Ter o poder de decisão que favoreça a expressão dos excluídos

Melhorar a gramática para um idioma menos prático

Podia acabar com macedônios superiores
E subjugar preconceitos sob a guarda do Rei

Eu podia,
Tu podias mas, e nós o que podemos?

O que podemos senão apontar o dedo na cara do diferente?

O que podemos além do embate inteligência x aparência?

O que podemos fazer contra a televisão, as revistas e as ruas que guardam pessoas dispotas
A parar o trânsito com toda sua beleza?
E mesmo que não queiram, o que importa?

Afinal, por quê estou aqui a discorrer acerca de tanto tempo perdido?

Porque, afinal, é perda de tempo!

É perda de tempo a tentativa de mudar conceitos firmados

É perda de tempo a ilusão recorrente de igualdade entre todos os seres humanos
E paz e alegria e entusiasmo...

Enfim, o que muda afinal?

É a imagem de modo único o que muda!
Pois, quando mudamos o interior, qual é o primeiro elogio que ouvimos?
- Você está tão bem! Pele e cabelo vistosos!

-Está tão bem! Nunca te vi com tanta beleza antes!

E os estereótipos, afinal ficam
Porque são esses que nos distraem
São os estereótipos que nos tornam agradáveis
E sonhadores e disputados e ignorados...

Amanhã colherei uma flor e a porei na lapéla.