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Fugida

Parti um dia de madrugada,
Da estação velha e agasalhada do meu berço,
Acenando ao ninguém que na casa do rei deixava.

Sem atraso ouvi o berro da trombeta.
Que ansiado abanão senti naquele momento...
Fausto e vero era o sorriso da minha careta.

Tarde se fez dia ao remate de uma estranha actividade.
Apeei ligeiramente laureando de sacola.
Via um Douro fascinante, que misteriosamente bela esta cidade!

Vi pintores de algibeira,
Cachenés azuis, claustros e palácios...
Percebi Garrett e sua maluqueira.

Fiz-me a sul na empilhada molengona.
Depois de tripas e pão bem regado,
Casa carril, embalo agitado, alcova poltrona.

Senti o sono estanque varrido pela essência a maresia.
Uma ardência na casca me entontecia macambúzio,
Uma barqueta alindada me espairecia pela ria...

Procurando guarida vagueei pela salina.
De melosos me abonaram e nada de hospedaria.
Meu aconchego, as dunas daquela noite cristalina...

Despertava ressarcido, na areia meio cravado.
Observava um piscatório atestado de bom petisco.
Escapuli-me até Coimbra, meu destino imaginado!

Uma velha abandonada me ofertou broa como prémio.
Que gracioso gesto este conforme o molde desta gente,
Minha intuição foi galgar o outeiro e dejejuar num recanto do
grémio...

Deferindo cânticos de autores venerados,
Percorri jardins, praças, memórias e imagens.
Ditei um poema no maior túmulo dos condecorados!

Insisti meu efúgio acercando o palco principal.
No zéfiro da torre mestra espaireci com um pastel.
Tudo era celeste e assombroso que nem palavras de Quental...

Menina que já moça não és,
Olhos teus se aferrolham na neblina,
Teu lustre de água, a pia que sagra meus pés.

Chispando a luz no longínquo abismo,
Rompi caminho pelo laço umbilical,
Folguei de lá, num silêncio de histerismo...

Num botequim de Setúbal fiz da tarde o meu serão.
Eia! Que venturoso me sentia devaneando por lá,
Fartando o bucho de rabanadas de Azeitão!

Bruaca em lua cheia que me rasa por trás,
Horrendus à solta, um agoiro de morte!
Era a noite da marcha da santa da paz.

Cavo desconhecido, não me falhasse a intuição.
E deveras fiquei prendido ao perfume da lenha seca,
Da torrinha virgem e feitiça, de um estranhamente desejado chão...

Assentei suave de costas ao chaparro.
Oh, que luz! Que maravilha cuidada ao meu eterno descanso...
Além Tejo! Daqui à fadista escrevo! Por aqui as rédeas amarro!

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segunda-feira, abril 12, 2010 - 02:16

Poesia :

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EliasFreitas

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