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Horror Ao Vazio

Horror Ao Vazio

In medias res, acordamos assim do nocturno inconsciente
Todos quimeras pubescentes e antes o que fomos?
Sós em parques de estacionamento sem sombra do que somos
Acordamos aí, acidentes cardeais num subterrâneo crescente
Asas estateladas sem carro que nos leve de volta daqui

Como um contorno de giz sem lugar onde significar
Levantei-me daí, um dédalo do cimento prá cidade lunar
A da pantera combustada no tigre altivo em abismo
P’las bermas iluminadas em que miúdos nos fazemos à rua
Como estrelas de filmes num tapete laranja e adoro
Eu qual Halloween nirvânico de subir o ego à grua
P’la boleia de fones postos em oxigénio sonoro
Maníaco aguentado nos braços de letras relacionáveis
Porque “dói menos se rirmos”, a angústia nos bolsos citáveis
Brand New, American Football e melhores amigos infindáveis
Até o fim da canção... numa limousine me devolver o vácuo.

Estilhaço de novo breu, tatuei um pisco no asfalto de sábado
E de peito ruivo, cambaleei as pe(r)nas de um dia acabar a sangrar:
“Dane-se como eles voaram, os anos de estarmos demasiado
Massivos à beira de algo na grande noite do desejo gorado”.
À vista disso, operei-me ao coração num trago de bar
Para soltar as aves que enjaulamos no fundo do tórax
E vulnerável fiz-me p’lo passeio ao topo dum morro (ou não?)
Onde as alimentei de expectativa aberto à cítrica superstição
De preencher o vazio por que lancei num auspício os pássaros oh céu!
“Desastre, desastre!”, gritava-me o seu sentido em oposição
Ao grimório lido com o capuz do hoodie a neg(r)ar-me um mausoléu.

Ressaca tropeçante, caí corvo obscuro nas ripas d’alameda urbana
E como um patético crucifixo no chão, ri-me (e doeu mais) de mim:
“A insignificância encarnada no cone de trânsito a rezar por ti”.
Ou por um alguém algures onde não há ninguém só obras sim
No fodido banco espelho meu de fogo posto ao tempo...
Sentei-me aí, enviando pombos electrónicos ao bando do liceu
Depois da meia-noite, antes que venham, enquanto o Outono plana
Socorreu sobre os meus olhos só cinza quando é para ver o céu
A nicotina no ar e um bordo vermelho acendendo uma vela romana
Ninhei-me aí, do cigarro estóico prós ramos da epicidade dos dias
Mas logo nos intervalos das folhas, A Panca, um beijo e adeus apogeu
                                                                                                       das hipóteses fugidias
                                                                                                        tudo ardeu
                                                                                                        rasto das minhas covardias
                                                                                                        e eu não teu
                                                                                                        só mediocridade dos dias

Invisível ciúme universal, estremeci a violência d’A rapariga da escola
E senti-me dióspiro decadente na cena gráfica q’um pneu me deixou
Ao partir pra longe donde quer que a explodir autópsias estou
Como um abutre de lanterna e navalha que a si mesmo se desola.
Mas enfim na alameda desértica, a sirene dos três do bando
A nossa margem à margem num súbito e sincrónico respirar incrível
Expirando apertura, inspirando abertura, falei do desastre voando
Culpei de tudo o seu sentido em oposição, e achámos o plano invencível
De escalar a cidade num sonho barroco e tornar o sentido em aprovação
Para preencher o vazio por que lancei num auspício os pássaros oh céu!
Mas logo o nicho desfeito entre pubs, Pancas vistas e cada um por um

Falso fleuma na face - face a tudo - gazeei-me dos sentidos diferentes
Suportei de vidros fumados a rampa rumo ao terraço do prédio
Mais alto, com o meu esterno apocalíptico entre o sexo e o suicídio
A viver com a garganta à procura de corda onde atar o grande remédio
De caixas escadas mais coisas reféns de tocar então o tecto erradio
E, droga!, daquele panorama tive febre passional e artéria inflamada
Titânico tive raptos e reptos a imolarem-me a gasolina p’las veias!
Antena hiperbólica tive laivos de não estar sozinho à procura de estrada!
Com Rimbaud no colo tive futuros de estar contigo que o abismo recheias!
Deus m(eu) planeta teu, fui um alguém algures na rua absoluta do cosmos!
Na tua senda, fui massivo à beira de algo num transplante de asas!
Fui transmissão televisiva dum wrestling com o tempo de Chronos!
Fui a sépia de amanhã agora mas a meteorologia deu fantasmas!
Napalm Nagasaki não! Eu vou até tirar a terra das órbitas!
Falir frágil não! Eu vôo até acabar com cruzes nos olhos!
Chão chuva não! Eu venho-me até ser um anjo a foder com as nuvens!
Mas invencibilidade, sempre... a sabotagem do momento por acontecer
Fosse eu boxeur ou escapista quanto ao sábado escuro de crescer
Sempre o nada a afectar-me todo e um paraíso intangível castigo
Nas arritmias dos corredores da escola onde nunca irei perceber
Os Setembros caídos em Junhos como os pássaros caídos comigo
Sem Sentido.
 

                                                    ***

Oh mundo crescente, tu, os teus (d)anos e a radiação subsequente
Não há volta a dar, ficámos mitos hipoglicémicos insaciáveis
De sobras de Babel rasgada a caves da noite aos vinte e nada
De faces familiares apartadas por bolas de demolição inalcançáveis
A adultas cidades estrangeiras em T0s sobejamente incomunicáveis
Estávamos estamos: um à procura de tudo e todos à procura de um
Sentido à janela que não reflectisse para fora: o lado distorcido
Mas sim realismo cru, não há fénix que nos leve para cima daqui.

(08-05-2018)

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terça-feira, maio 8, 2018 - 04:18

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Fran Silveira

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