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Humilde-se!

Quando considero a curta duração de minha vida,
absorvida na eternidade que me precede e me sucede...
Quando penso no pequeno espaço
e no efêmero tempo que preencho
e mesmo o pequeno espaço e pequeno tempo
que poderei ver e conhecer,
me sinto abismado na infinita imensidão
dos espaços que ignoro e que me ignoram;
me assusto e me espanto por me pensar
aqui e agora
e não lá e não outrora...

...

Por quê?
O que poderia ter me posto exatamente nisso?
Por ordem e conduta do quê este lugar e este tempo
foram destinados a mim, ou eu a eles?
Quantos reinos me ignoram e eu a eles...
Houve uma eternidade de tempo antes de eu passar a existir
e haverá outra eternidade de tempo depois de mim
e de todos os outros seres humanos deixarmos de existir!
Inúmeras formas animadas e inanimadas de vida
e as mais diversas civilizações existiram antes de nós,
e tantas outras passarão a existir
depois de desaparecermos nós todos!
Infinitas transformações ocorreram antes
e ocorrerão depois de nossa passagem
por este espaço-tempo que conhecemos,
pois a única certeza,
quando se fala da existência como um todo,
é a de que há apenas uma coisa eterna,
constante e imutável no Universo: a mudança.

...

Como pudemos sequer cogitar a possibilidade
de a mais ínfima parte de todo esse Universo infinito
ter sido feita para nós?
Como pudemos sequer supor que haja alguma ligação
entre eventos cósmicos e nosso insignificante cotidiano
ou nossa ainda menos importante trajetória
por essa vida inexpressiva e efêmera
pela qual todos nós passamos?
Como pudemos chegar a pensar,
mesmo que por um segundo,
que toda essa pluralidade viva que nos cerca
poderia ser inferior ou estar abaixo de nós,
para nosso usufruto
ou que nós pudéssemos ser a medida
para todas essas coisas?
Como pudemos ter a insanidade de criar
as mais variadas formas de superstições e religiões
durante todos esses anos de nossa pobre e frágil civilização?
Como pudemos ter a audácia e a arrogância de imaginar
e criar um personagem tão improvável quanto um deus criador,
um designer inteligente que nos teria feito à sua imagem e semelhança
(somos também deuses, então?)
e – o que é ainda mais fantástico –
teria construído toda essa realidade que nos cerca
para nosso proveito e utilidade?
Como pudemos chegar a pensar
que todos os outros seres
que compartilham da Terra conosco
e toda a Natureza que nos cerca
pudessem ter sido igualmente criados,
por este mesmo deus fantasioso,
apenas para nossa servidão e alimento?
Será que somos tão incapazes
e estamos realmente tão despreparados assim
para lidar com a total indiferença
do Universo para conosco?

...

Humilde-se!
Cure-se de uma vez de sua ego-esclerose!
Remova a tristeza celular que lhe impregna!
Pare! Olhe! Sinta! Permita-se! Compartilhe-se!
Pare! Olhe! Sinta! Permita-se! Compartilhe-se!
Diminua o ritmo!
Respire conscientemente e deixe sua paranoia se dissipar.
Deixe-a ser substituída por uma renovadora metanoia.
Permita, ativamente, que não haja mais auto-boicote em sua vida.
Lembre-se de que nada disso que nos cerca esta aí para nós;
apenas estamos tendo a oportunidade de pegar tudo isso emprestado.
E, dependendo do uso que fazemos dessas coisas,
elas poderão ou não durar para as próximas gerações,
que também poderão ou não ter o direito de pegá-las emprestado.
E tudo isso já existia e continuará existindo,
depois de nosso desaparecimento,
silenciosamente indiferente a nós todos...

...

Esse silêncio eterno
e essa infinita indiferença
desses inúmeros espaços e coisas me assustam
e, ao mesmo tempo, me maravilham
ao me fazer pensar na sorte de estar aqui e agora
compartilhando essas coisas, este momento,
neste tempo e neste espaço, com você.
Entrego, confio, aceito e agradeço...
Entrego, confio, aceito e agradeço...

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segunda-feira, maio 21, 2018 - 11:40

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MaynardoAlves

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Humilde-se!

Trata-se de mais um lembrete da imensurável importância do nosso “aqui e agora”. Homenagem ao Professor Hermógenes.

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