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INSULTO
Insulto
A terra insultada vinga-se dando flores,
Em troca das feridas e dos horrores,
Que todos lhe fazemos sem antes pensar,
Que vivemos nela, devíamos beijar,
Esta terra que pisamos com desprezo,
Sendo ela nossa mãe desde o terno berço.
Caem as bombas fica a terra desventrada,
E a terra em troca, fica calada,
Cria sementes nas feridas cheias de água,
Sem vingança e sem motivos de mágoa,
Cria vida para tapar o luto da morte,
E deixa os homens decidir a sua sorte.
Cortam os seus braços erguidos ao céu,
Deixam a terra nua insultada, nem tudo se perdeu,
Opera transformações mas não muda o seu semblante,
Continua a dar flores sem se tornar arrogante,
Dando exemplos aos seus filhos de benevolência,
Mas esta terra que faz nascer também perde a paciência.
O que os seus filhos levam anos a fazer,
Esta terra em segundos de tempo faz tudo morrer,
Mas não é de vingança, é a sua Natureza,
Dá flores aos seus filhos e eles dão-lhe tristeza,
Dá-lhes também inteligência para poderem pensar,
Que tudo o que ela cria para ela tudo vai voltar.
A terra que insultamos jamais se vinga em nós,
Apenas nos cria e nos transforma, sem ter voz,
Dá-nos as condições para podermos viver,
Dá-nos as flores e o trabalho logo ao nascer,
E cada um de nós que haja segundo a sua vontade,
E cada um com o seu conceito de felicidade.
Tavira, 25 de Junho de 2011-Estêvão
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