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Lapidar emoções

(Para AnaGorgulho)

Desculpa se me intrometo na tua existência.
Entre o receio de não dever
e o instinto de dizer
chego a este espaço em branco.
Ouso escrever estas palavras
que palavras tuas me inspiraram a escrever.
Ouso porque não sei que recife és no mar prateado
que observo nas noites límpidas.
Ouso porque não te conheço.
Porque não sei se a tua voz
é como o canto dos pássaros que cruzam os céus.
Se te deixa constrangida
que eu desenhe com tinta no papel
as letras que interiormente me brotaram,
como se uma fonte tivesse nascido para salvar
a sede dos poetas que se confudem
com a possível doçura dos abismos.
Se os contos de fadas
existem só nos livros ou não, não sei dizer.
Passamos por momentos
em que a desilusão nos bate à porta
como se quisesse tomar o nosso corpo
e abraçar-nos com o seu veneno.
A verdade é que há sempre uma razão de ser
para as coisas?
Mesmo que não pareça razão nenhuma?
Há coisas que duram para sempre,
mas para que isso aconteça
têm de existir corações em uníssono,
gestos em que as almas se confundam
ao ponto de não sabermos exactamente
em qual navegamos.
E ao pensarmos nisso, até nem importa,
porque podemos ficar tranquilos.
Porque não estamos sós.
Porque amamos. Como o mar.
Mas depois a solidão entranha-se
e parece querer roubar-nos dos braços do desejo.
Temos de ser fortes. Como a chuva torrencial.
Porque cada gota que bate no vidro
ou se desfaz nos olhos é um diamante
que nos ensina a lapidar as emoções.
Debatemo-nos com o silêncio
que teima em não ir embora
mesmo que deixemos a janela aberta.
A lua não se agita, mas há astros comovidos.
São pontos de luz
que cintilam no mais íntimo de cada ser,
na essência dos rostos que se entrelaçam
na voz daqueles que nos abraçam.
Há árvores no terraço da pele,
varandas suspensas nos ombros cansados
e telhados de zinco nos cabelos fustigados
pelos ciclones da imagem,
onde pousam células que se fragmentam em esperança.
Que um dia nascerão rios sem margens,
porque não haverá distâncias entre dois corações
que respirem a mesma brisa das manhãs.
Aquelas em que se folheiam histórias
na ponta dos dedos,
em que não há xadrez sentimental,
nem códigos de barras que não tenham perfume.
Aliás o perfume será invisível.
Como o código.
E um instante será suficiente
para encontrar nas faces lapidadas,
em cada gesto, um motivo especial:

A força da ternura.

Hoje foste a "vítima" das minhas palavras.
Tive esta coragem de me aventurar
a pintar aguarelas de paisagens que nunca vi.
Mas é assim que acordo. Fotografo um novo dia
e penso que para lapidar instantes
não é preciso entender nem arranjar justificação.
Apenas seguir. Inato. O desejo de escrever sentidos.

Não sei quem és. Nem imagino. Mas hoje escrevi-te.
Lapidei as minhas letras. Emoções.
Juntas fizeram. Isto.

(Dedicado em especial a AnaGorgulho (que não sei quem é), mas que me inspirou através dos seus próprios versos a escrever estes que aqui desenhei. E no fundo dedico-o a todos aqueles em especial que de uma forma mais ou menos intensa sofrem ou já sofreram por amor.

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domingo, fevereiro 28, 2010 - 03:28

Poesia :

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rainbowsky

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Comentários

imagem de fatimacustodio

Re: Lapidar emoções

Não sei quem és. Nem imagino. Mas hoje escrevi-te.
Lapidei as minhas letras. Emoções.
Juntas fizeram. Isto.

Segue. Inacto O desejo. E a imaginação dum desenho. Sofrido ou riscado por amor...Mas sempre um sonho.

Muito bom o teu poema...parabens!!!!

imagem de angelalugo

Re: Lapidar emoções

Olá poeta

Que linda dedicatória, é de suspirar,
conheço pouquíssimo tempo a Ana, mas
tenho a certeza que ela merece pelo
que escreve pela transparecia de seus
versos...Está lindo...Parabéns!

Beijinhos a ambos

imagem de MarneDulinski

Re: Lapidar emoções

MEUS PARABÉNS, GOSTEI MUITO DE SEU POEMA!
Meus parabéns a AnaGorgulho, pela homenagem recebida!

Um abraço,
Marne

imagem de Henrique

Re: Lapidar emoções

As emoções são a realidade da escrita!

:-)

imagem de Henrique

Re: Lapidar emoções

uma dedicatória ousada, sincera e com muito carinho!!!

:-)

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